Alceri Gomes nasceu no estado do Rio Grande do Sul (RS) na década de 40. Era a filha mais velha de uma família de sete mulheres operárias que trabalhavam na fábrica Michelletto na região metropolitana de Porto Alegre. Alceri cursou até o segundo grau em uma escola de bairro. No começo da década de 1960 mudou-se para São Paulo, onde começou a participar dos movimentos operários e a militar na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Com o endurecimento da ditadura na década de 1970 e após a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), as manifestações sofreram intensa repressão, com a prisão, desaparecimento e morte de diversos companheiros e militantes.
Alceri foi assassinada no dia 17 de maio de 1970 em São Paulo. Sua morte tem duas versões: a primeira é contada por Valmira, irmã da militante, e por um jornalista que afirmou que Alceri teria sido atingida pelas costas em uma emboscada do Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do Estado de São Paulo.
A segunda versão sobre sua morte foi obtida a partir de depoimentos de presos políticos em São Paulo, segundo os quais as mortes de Alceri e Antônio dos Três Reis Oliveira (seu companheiro e ativista político) foram engendradas por agentes da Operação Bandeirante (OBAN), que invadiram sua casa e os executaram.
Em 2010 um novo depoimento veio à tona. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em dezembro, o coronel Maurício Lopes Lima, que foi chefe de buscas da OBAN, afirmou que estava presente na operação que resultou na morte de Alceri e Antônio, porém responsabilizou a equipe chefiada pelo capitão Francisco Antônio Coutinho e Silva pelas execuções. Ele ressaltou que teria sido informado sobre um alçapão existente no recinto onde estavam escondidos e que, ao tentar abri-lo, teria sido ferido por Antônio. Segundo ele, Antônio teria morrido em confronto com os policiais e Alceri morreria logo a seguir, a caminho do hospital.
O último relatório protocolado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 2014, traz a descoberta de que Alceri e Antônio foram sepultados no Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. As modificações na área do cemitério, feitas em 1976, não deixaram registro de para onde foram os corpos dali exumados. O crime é caracterizando como permanente, pelo motivo de não terem encontrado até hoje o paradeiro dos militantes brutalmente assassinados.