A história das lutas das organizações populares contra o capital confunde-se com a história das lutas pela libertação de seus militantes jogados aos cárceres pela polícia e pela justiça submetidas aos patrões. Vamos recuperar, neste espaço, a memória de algumas lutas memoráveis travadas em defesa de nossos combatentes.
Rafael Lezama González (1953-?)
Preso na Argentina em outubro de 1976, no âmbito da Operação Condor, acredita-se que foi levado para o Uruguai e morto pelas forças de repressão do país. O corpo do militante uruguaio nunca foi encontrado.
Julio Castro Pérez (1908-1977)
Preso em 1º de agosto de 1977, o educador e jornalista uruguaio foi levado para o Centro de Detenção de La Casona e submetido a torturas. Morreu em 3 de agosto, mas seu corpo só foi encontrado em outubro de 2011.
José Campos Barreto (1946-1971)
Militante da VPR e depois do MR-8, um dos líderes da greve de 1968 da Cobrasma, Zequinha foi executado em 17 de setembro de 1971, juntamente com Carlos Lamarca, por militares na chamada Operação Pajussara.
Manoel Fiel Filho (1927-1976)
Militante do PCB, Manoel foi detido em 16 de janeiro de 1976 e morto no dia seguinte por agentes do DOI-CODI do II Exército de São Paulo. A versão de que ele se enforcara foi desmentida pela Comissão Nacional da Verdade.
João Antônio Santos Abi-Eçab (1943-1968)
João Antônio era estudante de Letras na FFLCH-USP em 1967. Sua vivência política se deu logo no início da universidade, participou dos movimentos estudantis, foi diretor acadêmico de Filosofia e militou pela ALN (Aliança Nacional Libertadora).
Alceri Maria Gomes da Silva (1943-1970)
Militante da VPR, foi assassinada em 17 de maio de 1970, em São Paulo. Há duas versões para sua morte: uma é de que foi atingida pelas costas em uma emboscada do DOI-CODI. Outra atribui a execução a agentes da Operação Bandeirante (OBAN).
Heleny Telles Ferreira Guariba (1941-1971)
Heleny Ferreira foi estudante de Filosofia da FFLCH-USP. Em uma manifestação articulada pela oposição em 1971, Heleny foi presa por agentes do DOI-CODI/RJ no dia 12 de julho. Presa neste dia e torturada até a morte.
Zuzu Angel (1921-1976)
Uma das estilistas mais importantes do Brasil, Zuzu foi responsável por dar repercussão internacional às torturas e desaparecimentos da ditadura. Desfiles-protesto em Nova York, contatos com parlamentares e jornais americanos foram as armas mais impactantes de sua campanha para descobrir o paradeiro do corpo de seu filho, Stuart Edgar Angel Jones, militante do MR-8 preso em 28 de setembro de 1971, torturado e morto dias depois. Sua militância tornou-a um alvo da ditadura: Zuzu morreu em 1976, em um acidente de carro orquestrado por agentes da repressão.
O projeto Brasil: Nunca Mais foi desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo nos anos 1980, ainda sob a ditadura. Seus principais objetivos eram evitar que os processos judiciais por crimes políticos fossem destruídos, como ocorreu no fim do Estado Novo, e obter e divulgar informações sobre torturas e outras graves violações a direitos humanos praticadas pela repressão. O projeto examinou de 850 mil páginas de processos judiciais contra presos políticos, e a partir deles publicou relatórios e um livro de igual nome. No site é possível acessar esses conteúdos e pesquisar processos individuais.
A Comissão Nacional da Verdade foi um órgão criado pelo governo em 2011 para apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Ela encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, mas o Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, mantém uma cópia de seu portal, na qual é possível baixar o relatório final da comissão. O portal também tem material documental, laudos e relatórios, além de uma extensa lista de links para outros sites ligados ao assunto.
O Memorial da Democracia é um museu multimídia que visa a contribuir para o resgate da memória das lutas democracia, pela igualdade e pela justiça social no Brasil. Ainda em desenvolvimento, o portal reúne mais de 1.050 episódios ao longo de 80 anos de história, com documentos, imagens e outras mídias. Ele se divide em cinco linhas do tempo (1930-1944, 1945-1963, 1964-1984, 1985-2002 e 2003-2010), acrescidas de materiais adicionais.
O portal Memórias da Ditadura tem o objetivo de divulgar a história do Brasil entre 1964 e 1985 da forma mais abrangente possível, “do ponto de vista político, social e cultural, na perspectiva dos direitos humanos e da memória e verdade”. Voltado ao público jovem e a educadores, traz vasto conteúdo multimídia, mapas e uma linha do tempo. O portal também pretende ser um guia de referência sobre o período e reúne links para outros sites e organizações.
O Acervo Documental Condor é um guia de arquivos e fundos documentais sobre as graves violações dos direitos humanos acontecidas no âmbito das coordenações repressivas do Cone Sul, especialmente, da Operação Condor. O portal tem como objetivo geral acompanhar os processos de verdade e justiça desenvolvidos na região, a partir do levantamento e disponibilização das informações sobre o tema provenientes de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Além de permitir a pesquisa de documentos, o guia inclui materiais audiovisuais e fontes bibliográficas. O acervo está abrigado no portal do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH), nas páginas dedicadas à Operação Condor e seus impactos.