João Antônio era estudante de Letras na FFLCH-USP em 1967. Sua vivência política se deu logo no início da universidade. Ele participou dos movimentos estudantis, foi diretor do centro acadêmico da Filosofia e militou na ALN (Aliança Nacional Libertadora).
Em outubro de 1967, João Antônio foi detido pelo DOPS da capital paulista e indiciado por “terrorismo” por suas falas e organizações no Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia. Entretanto, no mesmo mês foi solto graças a um habeas corpus, direito que só fora concedido pois sua prisão ocorreu um ano antes da implementação do AI-5 (Ato Institucional nº5).
Em maio de 1968, casou-se com Catarina Helena Xavier, colega de curso e companheira do movimento estudantil. Neste ano ambos endossaram sua participação na ALN. Na época, após a implementação do AI-5, um dos atos mais cruéis sancionados pela ditadura, a maioria das mortes e desaparecimentos era encoberta pelo governo. Muitos morriam por supostos suicídios, acidentes de carro etc. Todos engendrados pelos militares.
O mesmo ocorreu com João e Catarina. No dia 8 de novembro de 1968 ambos se encontravam em um carro na rodovia BR-116, na altura da cidade de Vassouras (RJ), quando seu automóvel colidiu com a traseira de um caminhão. Catarina faleceu no mesmo instante, enquanto João foi retirado do local ainda com vida, mas morreu logo em seguida.
A morte do casal até hoje não foi bem esclarecida. Na época, a primeira versão divulgada pelo boletim de ocorrência sustentava que ambos haviam morrido em um acidente de carro, porém no veículo teriam sido encontrados uma metralhadora, munição, dinheiro e documentos pessoais das vítimas.
Em 2005, com a abertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), foi reconhecida a responsabilidade do Estado brasileiro pelo ocorrido. Na análise do caso constatou-se que que o acidente teria ocorrido por perseguição ao veículo do casal.
O relator do caso de João e Catarina, Belisário dos Santos Jr. destacou que “à época a polícia política foi a primeira a chegar ao local do acidente”. Afirmou ainda que não houve perícia de local e nem mesmo laudo necroscópico. Frente a esses fatos, levantou a possibilidade de que as armas encontradas no carro tenham sido, na verdade, “plantadas” no local para “justificar a morte dos militantes e afastar a suspeita de participação do Estado no óbito.”
Em 2014, a CNV (Comissão Nacional da Verdade) elaborou um “Laudo Pericial Indireto” sobre o caso. Sua conclusão apontava para a veracidade do acidente engendrado pelo governo militar.
A foto de João Antônio é dos arquivos da Comissão Nacional da Verdade.