Ativistas ocupam o prédio já faz mais de um mês, com autorização do governo venezuelano, para impedir que os EUA o entreguem ao representante de Juan Guaidó. Desde 24 de abril, quando os diplomatas venezuelanos foram embora, o coletivo enfrenta o assédio de grupos pró-Guaidó acampados na frente da embaixada, e das autoridades americanas, que impedem a entrada de alimentos e bebidas e na semana passada cortaram o fornecimento de luz e água. Na segunda-feira, a polícia tentou despejar os ocupantes com uma “ordem judicial” sem assinatura. Leia o artigo de Medea Benjamin e Ann Wright, duas das líderes do movimento.
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José Arbex Júnior*
No plano das aparências mais externas, a deposição sumária do presidente Fernando Lugo, decidida em menos de 36 horas, entre 21 e 22 de junho, foi consequência da morte de 17 policiais e trabalhadores rurais, em tiroteio durante um despejo de sem-terras em uma fazenda de Curuguaty, cuja propriedade é disputada pelo Estado e o latifundiário Blas Riquelme, ex-presidente do Partido Colorado. Entre os 17 mortos está Erven Lovera, chefe do Grupo Especial de Operações (GEO), treinado por oficiais dos Estados Unidos em operação nos marcos do Plano Colômbia (detalhe que não é secundário, como se verá um pouco mais adiante).
Em segundo plano, não tão visível, mas ainda assim bastante óbvio para qualquer observador minimamente atento, o impeachment foi resultado de uma articulação da direita paraguaia, incluindo os tradicionais rivais “colorados” e “liberais”, para afastar da Presidência um “estranho no ninho”: Lugo era um bispo formado pela Teologia da Libertação e eleito, em 2008, por uma vasta frente de organizações e grupos políticos que percorriam todas as faixas do espectro ideológico, de movimentos sociais e de indígenas ao Partido Liberal (representado pelo vice de Lugo, Federico Franco, o qual assumiu a Presidência após a deposição do titular).