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O make up do trabalho

Esta dissertação analisa o trabalho das revendedoras de cosméticos de uma empresa brasileira, e discute a ausência de formas-trabalho dessa ocupação. A Natura é uma das mais reconhecidas e bem-sucedidas empresas brasileiras de cosméticos e produtos de higiene pessoal. A marca tem uma notável visibilidade social; já o mesmo não acontece com as mulheres que realizam no Brasil a distribuição dos produtos em sua totalidade. Denominadas “consultoras”, as vendedoras (a grande maioria é feminina) desempenham uma atividade que para elas se realiza desprovida de regulações públicas e, mais do que isso, que pode nem mesmo ter a forma-trabalho reconhecida.

O trabalho dos motoristas de caminhão

Apesar dos diversos estudos realizados com motoristas de caminhão, poucas pesquisas analisaram o trabalho desses profissionais baseando-se na descrição da atividade feita por eles mesmos. O conhecimento dos próprios motoristas sobre sua atividade, assim como dos acidentes, pode contribuir para a elaboração de medidas para a redução de acidentes, bem como ações que visem à promoção de saúde destes trabalhadores. O objetivo da presente tese foi conhecer e analisar a atividade, os aspectos da organização do trabalho e acidentes de motoristas de caminhão com diferentes vínculos empregatícios, partindo do relato dos próprios trabalhadores.

Crítica à lei da apropriação capitalista

No campo de análise marxista, uma das tentativas contemporâneas de fornecer um diagnóstico histórico contemporâneo reavalia o papel da “acumulação originária”. A acumulação de capital baseada na violência não seria uma etapa “originária” e nem uma forma exterior ao capitalismo, pois, por meio da violência de Estado, o capital criaria e preservaria as “condições assimétricas” da troca de mercadorias e a “acumulação por despossessão” (D. Harvey). Distintamente, no campo da filosofia política, uma outra tentativa de diagnosticar os problemas sociais contemporâneos baseia-se, principalmente, nos conceitos de W. Benjamin e M. Foucault. Esse ponto de vista procura analisar de maneira abrangente a “estrutura originária da estatalidade” e diagnostica que o Estado de exceção tende a se apresentar como paradigma de governo dominante na política contemporânea (G. Agamben).

Governança mundial e pobreza

Esta tese procura descrever uma convergência política que teve lugar na década de 1990 entre o Banco Mundial e as Nações Unidas em torno de uma nova estratégia de desenvolvimento. Dois processos em curso nesse momento foram centrais. De um lado, revisões internas críticas às reformas neoliberais repercutiram em modulações na agenda de desenvolvimento do Banco Mundial em direção à nova agenda da boa governança. De outro, no âmbito das Nações Unidas, o desenvolvimento era redefinido como um processo de expansão de oportunidades no lugar do acúmulo de riqueza.

Ambos os processos convergem numa nova estratégia que passava a enfatizar o desenvolvimento das pessoas e não mais das nações, formulada na separação entre a produção da riqueza e a pobreza. A pobreza deve ser reduzida, controlada em níveis aceitáveis e mobilizada para dar sequência às reformas de liberalização econômica. O que está em jogo nessa convergência é a construção de novas referências normativas que apontam para possíveis indiferenciações entre as práticas da esquerda e da direita no espectro político internacional.

Acumulação de capital e desigualdades

Esta tese nos leva a questionar a sustentabilidade da acumulação chinesa e a apontar os elementos que esse país tem em comum com o Brasil. A dinâmica do processo de acumulação na China e no Brasil é considerada a partir do comportamento de empresas nacionais e estrangeiras, bem como da estrutura socioeconômica desses dois países. Primeiramente, apresentamos as características da evolução histórica da China para compreender melhor a situação atual. Destacam-se, assim, as razões pelas quais o desenvolvimento econômico se deu de maneiras distintas na China e no Brasil, bem como sua articulação historicamente diferenciada com o sistema capitalista mundial.

Trabalho informal e redes de subcontratação

Este estudo discute as redes de subcontratação e o trabalho informal no circuito das confecções em São Paulo. A partir de uma região periférica na zona leste da cidade tratou-se de averiguar as relações entre trabalho e o espaço urbano no qual essas confecções têm se instalado. O processo de reestruturação produtiva da indústria de confecções durante a década de 1990 fez multiplicar as chamadas oficinas de fundo de quintal e o trabalho a domicílio nos bairros das ex-costureiras das fábricas pelas vias de redes de subcontratação e do trabalho informal.

As ex-operárias mobilizam familiares e vizinhos no trabalho, estabelecendo redes sociais pelas quais circulam as encomendas de costura. Associado a esta dinâmica, esse circuito também vem mobilizando os fluxos da migração clandestina dos bolivianos, que já podem ser encontrados nos locais mais distantes do extremo leste da cidade.