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Ao Vito Antonio Letizia

Vito Letizia (19/12/1937-8/7/2012) procurou incessantemente, ao longo da sua vida, a compreensão das contradições que movem a história da humanidade com o intuito de contribuir com o movimento anticapitalista e assim poder pensar em uma sociedade justa e solidária. Sempre foi um grande observador e um excelente ouvinte, que não queria ditar regras, mas sim aprender a se movimentar com os anseios e necessidades dos trabalhadores.

Vito iniciou a sua militância no PCB em 1961, depois militou no Partido Operário Revolucionário (J.Posadas), a partir de 1968 na Fração Bolchevique Trotskista do POR, e em 1976 participou da fundação da Organização Socialista Internacionalista (OSI). Abandonou a militância organizada posteriormente, só retomando recentemente e por um curto período a atividade militante no PSOL.

A sua vontade férrea (superando até mesmo os desafios de uma doença perversa nos últimos dois anos e meio), seu compromisso com os movimentos sociais e toda a sua vasta cultura e talento revolucionários, que sempre estiveram postos a serviço dos pobres e oprimidos em sua luta contra o capitalismo, estão contidos nos inúmeros textos e artigos que ele produziu.

Vito dedicou sua vida aos oprimidos pelo capitalismo e deles é seu legado, que Interludium tem como objetivo divulgar amplamente, pois foi um de seus fundadores e o seu principal mentor, responsável por agregar e direcionar o grupo para uma militância.

Vito Letizia nos deixa, viva Vito Letizia!

Publicado em:Vito Letizia

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4 Comentários

  1. O Trabalho

    VITO LETIZIA (19.12.1937 – 08.07.2012)

    Faleceu em Porto Alegre, aos 74 anos de idade, Vito Letizia, vítima de um câncer, depois de dois anos de luta contra a doença.

    Vito, camarada Michel ou Gilberto na clandestinidade, integrou a seu tempo o combate pela 4ª Internacional no Brasil.

    Jovem, ingressou no PCB, em 1961, com o qual rompeu para ingressar no Partido Operário Revolucionário Trotskista (Posadista), onde, a partir de 1968, participou da Fração Bolchevique Trotskista, constituída para defender o programa da 4ª Internacional contra o revisionismo de J. Posadas.

    Depois de preso por dois anos, inclusive um longo período na solitária, Vito se exilou na França, onde integrou o grupo Outubro, ligado ao Corqui (Comitê de Organização Pela Reconstrução da Quarta Internacional, liderado por Pierre Lambert).

    De volta ao Brasil, como dirigente clandestino, ajudou a fusão dos vários grupos que em 1976 originaram a Organização Socialista Internacionalista (OSI), a futura Corrente O Trabalho do Partido dos Trabalhadores.

    Em meados dos anos 80, abandonou unilateralmente a discussão e afastou-se, em favor de um curso político próprio, que, vários anos depois, ainda o levaria a passar pelo PSOL.

    Como professor da PUC-SP, desenvolveu uma atividade acadêmica e política, reivindicando o marxismo.

    Sem esconder nossas diferenças, o que não lhe faria justiça, O Trabalho lamenta a morte de Vito Letizia, o militante que integrou nosso combate nas condições mais duras.

    A foto ao lado é de Vito Letizia em lançamento de livro da Palavra Editora, em julho de 1980.

    NOTA NA EDIÇÃO 714 DO JORNAL O TRABALHO
    Órgão da Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª Internacional
    https://otrabalho.org.br/

  2. Gabriel

    Vito Antonio Letizia

    Infelizmente precisamos fazer esse comunicado, que não tem palavras que traduzam a perda, a dor, o vazio e a saudade que se instalam quando alguém como o Vito Antonio Letizia nos deixa. Ele faleceu, aos 74 anos, na madrugada do último domingo (08/07/2012), em casa, no Rio Grande do Sul, após mais de dois anos lutando contra um câncer.

    Vito Letizia estudou História Natural e Filosofia ao longo da primeira metade dos anos 1960 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Geografia, em meados dos anos 1970, na Universidade de Paris VIII e Economia Política, ao longo dos anos 1980, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

    Foi professor de História Natural da rede estadual de ensino de segundo grau do Rio Grande do Sul (1965-1968), professor de Economia Política e Formação Econômica do Brasil junto à PUC-SP, entre 1988 e 2007, diretor do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa, desde 1984 e articulista político frequente na imprensa militante no Brasil e na Europa de 1974-1987 e eventual, a partir de então. Durante essas atividades, desenvolveu estudos próprios sobre economia política, assim como formação econômica e desenvolvimento social do Brasil e de países do terceiro mundo, particularmente da América Latina, que resultaram em reflexões reiteradamente originais, fecundas, rigorosas e críticas (muitas das quais dirigidas às figuras de referência dos partidos que militou) as quais influenciaram decisivamente diferentes grupos que durante os últimos 40 anos tiveram oportunidade de com ele conviver.

    Vito, ou Gilberto como era conhecido, iniciou a sua militância política no PCB em 1961, depois, a partir de 1968, atuou no Partido Operário Revolucionário (J.Posadas), na sua Fração Bolchevique Trotskista. Nos anos 1970, foi preso por “atividade subversiva,” ficou três anos na cadeia, sem julgamento. Passou um ano e oito meses numa solitária, sem luz, sua única e esporádica companhia era um ratinho, alimentado por ele. Conseguia ler romances policiais à luz de velas. Quando saiu da prisão, em 1973, mudou-se para Paris onde militou em um centro trotskista liderado por Pierre Lambert, juntamente com outros intelectuais proeminentes, tais como François Chesnais, Pierre Broué, Louis Gill, Pierre Salama, Jean-Jaques Marie e Gerard Bloch. De volta ao Brasil, foi um dos principais dirigentes da Organização Socialista Internacionalista (OSI) partido trotskista, ligado ao centro de Lambert, que ajudou a fundar, em 1976, o qual teve relevante participação na luta contra a ditadura, sobretudo, entre bancários, professores e servidores públicos. Na OSI, foi um dos responsáveis pela criação da organização estudantil Liberdade e Luta (Libelu), cujos integrantes, em grande medida, vincularam-se ao PT na primeira metade dos anos 1980, quando Vito voltara ao Brasil, após seu segundo período na França. Na Libelu e posteriormente no PT, foi um dos responsáveis pela condução das discussões que conformavam a linha de atuação política de um vasto grupo que originou quadros relevantes para a militância brasileira, alguns dos quais assumiram lugares de destaque ao longo dos dois mandatos do presidente Lula. A atuação destes, vale notar, indisfarçavelmente provocou-lhe desgosto e aborrecimento. Vito saiu do PT em meados dos anos 1990. Nos últimos anos, participou reticentemente do PSOL.

  3. José Arbex

    “A GENTE QUER SER A HUMANIDADE”

    Morre Vito Letízia, que deixa um legado crítico e recupera a originalidade explosiva, rebelde e revolucionária de Karl Marx

    Por José Arbex Jr.

    Vito Letízia era um sujeito perigoso. Extremamente perigoso. Contra ele, os fascistas de hoje poderiam, com toda justiça, aplicar a célebre sentença proferida em 1926 pelo porta-voz de Benito Mussolini no “julgamento” de Antonio Gramsci: “Devemos inutilizar esse cérebro pelos próximos vinte anos”.

    A ditadura soube reconhecê-lo como tal: entre a data de sua prisão, em maio de 1970, quando era um jovem militante da Fração Bolchevique Trotskista (FBT), e a sua libertação, quase três anos depois, permaneceu dezoito meses numa cela solitária de onze passos de largura por onze de comprimento, num quartel do exército localizado em São Leopoldo (perto de Porto Alegre), sem luz e com permissão de leitura estritamente controlada. Vários relatos de seus contemporâneos de prisão, incluindo os de grupos adversários, dão conta de sua xtraordinária capacidade de liderança moral e política, razão pela qual foi isolado e submetido a um tratamento especialmente cruel.

    Letízia era perigoso por ser implacavelmente fiel aos seus princípios. E, no seu caso, o princípio era a revolução. Mas nada na sua maneira de ser aparentava o perigo. Ao contrário. Era tímido, muito magro, discreto, silencioso, entrava e saía dos ambientes quase sem ser notado. Exceto ao assumir a palavra. Esgrimia os conceitos, as categorias e as análises políticas com a precisão e a elegância mortífera de um samurai.

    Erudito, era capaz de discorrer com profundidade e detalhes inacreditáveis sobre os mais variados temas: dos apontamentos de viagem feitos pelo sábio berbere islâmico Ibn Batutta (1304 – 1377) às diferenças de método de criação de porcos por camponeses na Europa e no Brasil; da vida cotidiana nas cidades gregas à época de Platão ao estado da arte das tecnologias de ponta contemporâneas.

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