Menu fechado

Anexo de ‘1917: Uma revolução confiscada’

Do ‘canato’ de Moscou até a Revolução de Outubro: identidade religiosa, identidade nacional

Durante as entrevistas que deram origem ao livro 1917: Uma Revolução Confiscada, Vito Letizia enfatizou várias vezes a questão da profunda religiosidade do povo russo como substituta de uma identidade nacional. Por fim, ele decidiu explicar sua visão de uma forma mais detalhada, para abrir o debate.

Cronologia 1 de ‘1917: Uma revolução confiscada’

O caráter do Estado Grão-Russo

O caráter de um Estado é dado pelas contradições que constituem sua realidade, as quais são o resultado vivo do processo histórico. No caso russo, é dado pela história da periferia oriental do extinto Império Romano, cujo centro era a Bizâncio da antiguidade helênica (a Constantinopla medieval, hoje Istambul) e de suas relações de fronteira com o mundo islâmico setentrional ou “irânico”, usando um termo de Arnold Toynbee. Por isso, a caracterização do Estado russo exige o conhecimento dos principais eventos desse processo histórico.

Cronologia 2 de ‘1917: Uma revolução confiscada’

O processo revolucionário russo

1917

Janeiro-fevereiro – O número de greves na Rússia chega a 1.330, envolvendo mais de 676 mil trabalhadores. A fome e a insatisfação com a guerra levam a população às ruas em Petrogrado e Moscou. Multidões marcham cantando a Marseillaise, o hino da Revolução Francesa, e gritando “abaixo a guerra”, “abaixo a polícia”, “fuzilem os especuladores”. Na Nevsky Prospekt, principal via de Petrogrado, um manifestante bolchevique testemunha e relata a recusa de soldados a reprimir um protesto: “Ouviu-se estrondoso aplauso. A multidão triunfante saudou seus irmãos vestidos com a capa cinzenta da soldadesca. Os soldados se misturaram livremente aos manifestantes.”

Diálogos com Vito Letizia 3

Cemap-Interludium lança “1917: Uma revolução confiscada”

Capa do livro 1917: uma revolução confiscada

No livro 1917: Uma revolução confiscada, Vito Letizia apresenta uma nova narrativa para a Revolução Russa. Vito, materialista rigoroso, analisa e descreve o desenvolvimento dos acontecimentos como resultado das contradições materiais existentes e da tentativa de superá-las. Ao mesmo tempo, ele resgata e coloca no contexto dessas contradições os aspectos culturais, históricos e religiosos da história russa, aos quais dá grande importância. O livro será lançado em 25 de outubro, com um debate às 18h30 no Centro de Documentação e Memória (Cedem) da Unesp.

Diálogos com Vito Letizia 2

‘As Origens das Aspirações Modernas de Liberdade e Igualdade’ chega às livrarias

Cemap-Interludium lançou o segundo livro da série “Diálogos com Vito Letizia”, que reúne as discussões sobre a Revolução Francesa e a social-democracia europeia.

Em As Origens das Aspirações Modernas de Liberdade e Igualdade, Vito aponta que os teóricos marxistas formados no contexto da Revolução Russa negligenciaram a conexão entre a Revolução Francesa e a formação das reivindicações da classe trabalhadora durante o período de surgimento da social-democracia europeia, na segunda metade do século 19, ao ponto de que hoje esses dois momentos parecem estar completamente dissociados.

Revolução Russa – um balanço necessário

Um dos episódios mais marcantes do século 20, a Revolução Russa foi tema de um debate promovido por Cedem e Cemap-Interludium no último dia 29.

Para o economista Vito Letizia “seria um grave erro condenar a Revolução de Outubro juntamente com o sistema que pretendeu representar a sua continuidade. Mais grave ainda, porém, é insistir em apresentar o ‘socialismo real’ como uma alternativa válida para o capitalismo”.

Considerando esse balanço absolutamente necessário para todos que se colocam numa posição anticapitalista, Vito insiste: “Tal orientação carrega consigo a responsabilidade de clarificar o processo que levou ao surgimento desse sistema a partir da Revolução de 1917. Trata-se de uma responsabilidade que os defensores do marxismo não podem evitar.”

Abertura democrática e razão neoliberal

O Centro de Documentação e Memória (Cedem) da Unesp e Cemap-Interludium promoveram no dia 9 o debate “Abertura democrática e a razão neoliberal”, na sede do Cedem. Do ponto de vista econômico, o termo neoliberalismo não apresenta uma relação direta com o liberalismo do passado. Segundo Vito Letizia, por mais que os ideólogos do neoliberalismo falem em “mercado puro”, eles, na verdade, defendem uma simbiose entre o Estado e o mercado, em que o Estado sustenta por meio de dívidas ilegítimas a transferência de dinheiro público para as finanças.

Para estudiosos como Pierre Dardot e Christian Laval, o neoliberalismo é muito mais que um programa de privatização das empresas públicas e de flexibilização dos direitos trabalhistas. Ele é isto, mas é também uma racionalidade política que combina intervenção pública e uma concepção de mercado centrada na concorrência. Isso seria o motor das políticas neoliberais que transformam as instituições públicas e privadas, o papel do Estado e a vida dos indivíduos em “empresas”. Tendo o neoliberalismo como essa a lógica que rege o mundo, como pensar os governos de esquerda e de direita, uma vez que foram eles mesmos que criaram as regras do equilíbrio orçamentário, da estabilidade monetária, da política anti-inflacionária e os programas de equilíbrio das relações sociais?