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‘A Grande Crise Rastejante’ chega às bancas

Com debates na Associação dos Professores da PUC (Apropuc) e na Universidade de São Paulo, a Editora Caros Amigos lançou A Grande Crise Rastejante, primeiro livro de Vito Letizia, em parceria com o coletivo Interludium – reflexões anticapitalistas. A edição reúne artigos que Vito escreveu ao longo dos últimos anos sobre várias questões políticas relevantes, que passam pela crise financeira mundial, a destruição da Amazônia e as origens do que é a China hoje.

O trecho escolhido pelos editores para a contracapa ilustra bem a lucidez de Vito: “Atualmente vive-se um surto de religiosidade capitalista, dividida em duas grandes correntes. A mais importante entoa salmos a um estranho livre mercado regulado, onde há empresas privadas de serviços públicos e instituições financeiras que exercem poderes de Estado impondo taxas e encargos arbitrários e onde há lucros pré-determinados por agências reguladoras tidas como portadoras de uma justiça sobrenatural. A outra corrente, bem menor, prostra-se ante um intervencionismo estatal mais ou menos miraculoso, tido como capaz de desenvolver a economia indefinidamente, além dos limites de qualquer modo de produção imaginável. Aparentemente, as duas religiões vivem em estado de hostilidade, porém, no fundo, se complementam.”

Ao Vito Antonio Letizia

Vito Letizia (19/12/1937-8/7/2012) procurou incessantemente, ao longo da sua vida, a compreensão das contradições que movem a história da humanidade com o intuito de contribuir com o movimento anticapitalista e assim poder pensar em uma sociedade justa e solidária. Sempre foi um grande observador e um excelente ouvinte, que não queria ditar regras, mas sim aprender a se movimentar com os anseios e necessidades dos trabalhadores.

Vito iniciou a sua militância no PCB em 1961, depois militou no Partido Operário Revolucionário (J.Posadas), a partir de 1968 na Fração Bolchevique Trotskista do POR, e em 1976 participou da fundação da Organização Socialista Internacionalista (OSI). Abandonou a militância organizada posteriormente, só retomando recentemente e por um curto período a atividade militante no PSOL.

Eu sei o que deve ser feito com o presente

Conheci Vito Letizia no segundo semestre letivo de 2001 de minha graduação em Economia na PUC-SP, mas não numa sala de aula e sim voltando para casa. Vito e eu pegávamos o mesmo ônibus e numa das viagens conversava com minha irmã sobre a última aula, quando um senhor corrigiu alguma coisa que falava sobre o economista Alfred Marshall. Foi apenas a primeira de uma série…

Meu segundo contato com o Vito foi nesse mesmo ônibus. Gabriel havia me proposto formar um grupo de estudos sobre o pensamento de Marx e sabia que o Vito era um grande conhecedor. Fizemos então durante a viagem a proposta, imediatamente aceita pelo Vito.

Perdemos Vito Letizia

Temos a tristeza de informar que Vito Letizia morreu esta madrugada, em Porto Alegre. Companheiro, militante de toda a vida, professor e mentor, fundador do grupo Interludium, Vito tinha 74 anos e lutava havia mais de dois anos contra um câncer no pâncreas. Não temos palavras para expressar nossa perda.

Vito Letizia no Seminário das Quartas

Apresentador – Vito Letizia é professor aposentado da PUC de São Paulo e está aqui em São Paulo por conta do lançamento do site Cemap-interludium.org.br, onde a gente reuniu os textos do Vito e do nosso grupo de estudos, que tem mais ou menos a idade deste seminário – dez anos. A gente estudou Marx, a história do movimento operário, e ontem lançamos um site reunindo esse material. Então, vou passar a palavra pro Vito.

Vito Letizia – Bom, eu estou com um problema visual que torna demorado pra mim encontrar as letras de um texto, eu me perco de lugar num texto com muita facilidade. Mas tô distinguindo o plenário, acho muito simpático, reconheci uma boa parte dele. Então, me propus falar sobre algumas coisas sobre as quais eu tenho escrito, alguns artigos a pedido do Departamento de Economia da PUC, que foram publicados na revista da PUC. Pretendo fazer uma fala curta, levantando principalmente as coisas que os economistas não falam. Então a primeira coisa que os economistas não falam é que a crise, aquilo que chamam agora de uma nova crise, que se concentra na inadimplência de alguns Estados na zona do euro, na realidade é uma continuidade da crise começada em 2007.

Vito Letizia lança site de Interludium

Vito Letizia

O professor Vito Letizia lançou o site do grupo Interludium no dia 23, com uma palestra debate na sede da Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc). O objetivo do sítio, como o define Vito, é ser um espaço “de militantes que se dispõem a atuar nos movimentos sociais que resistem ou se mobilizam contra o capital e o Estado burguês, que destroem a natureza e degradam as condições de vida do homem”.

Do objeto útil ao valor

“A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias.”

Karl Marx, “O Capital”, primeiro parágrafo do primeiro capítulo.

1. A Origem das Mercadorias

1.1. Coisas e Mercadorias

Riqueza, em termos gerais, é o conjunto das coisas capazes de satisfazer necessidades. Muito mais do que nos modos de produção precedentes, em que as trocas estavam menos desenvolvidas, a riqueza no modo de produção capitalista é constituída por mercadorias. Pois tudo que é apreciado na sociedade capitalista é comerciável e nela quem nada tem para vender e nada pode comprar não tem acesso à riqueza.