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A nossa aposentadoria e a deles

Os jornais sempre divulgam com grande alarde o crescimento porcentual do já famoso déficit da previdência social, que no ano de 2011 foi de R$ 36 bilhões e no ano de 2012, pasmem, deve chegar a R$ 38 bilhões. Ou seja, entre o que é arrecadado e o que é pago falta esse valor.

Um escândalo!!!

Ao mesmo tempo, nesta semana o Estadão publica, em editorial intitulado Adeus à meta fiscal de 2012 (edição de 07/11/12), que “o governo desistiu , como se previa, de alcançar o superávit primário de R$ 139,8 bilhões estimados para o setor público em 2012 (…) O superávit primário é a economia destinada ao pagamento de juros e, quando possível, à amortização da dívida pública. É um componente essencial do tripé adotado a partir do fim dos anos 90 como base da política econômica”.

O que salta aos olhos é em primeiro lugar a diferença de apenas uns R$ 100 bilhões entre o que o governo vai gastar com a aposentadoria de milhões e o que o governo pagará para sustentar as aplicações financeiras de uma minoria parasitária que sempre usufruiu da e enriqueceu com a ciranda financeira brasileira. Ressalte-se que no caso dos juros da dívida nada é arrecadado, só há desembolso.

Mas isso não escandaliza!!!

O exemplo grego – a voracidade do capital ataca os Estados

Não é mistério para ninguém que, embora as empresas reclamem da alta carga tributária, todo e qualquer imposto tem origem no cidadão. Os tributos pagos pelas empresas estão embutidos no preço dos produtos e serviços. só sendo devidos quando efetivado o consumo. Há uma classificação básica que pode dar conta de grande parte dos tributos existentes no Brasil: os gerados pela produção/circulação de produtos, os decorrentes da prestação de serviços, os impostos sobre a renda e as contribuições sociais. Em todos os casos, o imposto pode ser considerado como uma parte da mais-valia que não fica na mão do empresário.

Vito Letizia no Seminário das Quartas

Apresentador – Vito Letizia é professor aposentado da PUC de São Paulo e está aqui em São Paulo por conta do lançamento do site Cemap-interludium.org.br, onde a gente reuniu os textos do Vito e do nosso grupo de estudos, que tem mais ou menos a idade deste seminário – dez anos. A gente estudou Marx, a história do movimento operário, e ontem lançamos um site reunindo esse material. Então, vou passar a palavra pro Vito.

Vito Letizia – Bom, eu estou com um problema visual que torna demorado pra mim encontrar as letras de um texto, eu me perco de lugar num texto com muita facilidade. Mas tô distinguindo o plenário, acho muito simpático, reconheci uma boa parte dele. Então, me propus falar sobre algumas coisas sobre as quais eu tenho escrito, alguns artigos a pedido do Departamento de Economia da PUC, que foram publicados na revista da PUC. Pretendo fazer uma fala curta, levantando principalmente as coisas que os economistas não falam. Então a primeira coisa que os economistas não falam é que a crise, aquilo que chamam agora de uma nova crise, que se concentra na inadimplência de alguns Estados na zona do euro, na realidade é uma continuidade da crise começada em 2007.

Jornadas do outono francês

“Se a emancipação das classes operárias requer o seu concurso fraterno, como é que irão cumprir essa grande missão com uma política externa que persegue objetivos criminosos, joga com preconceitos nacionais e dissipa em guerras piratas o sangue e o tesouro do povo?”

Karl Marx, julho de 1870

No fim de 2010, massivas mobilizações populares contra a reforma da previdência social de Nicolas Sarkozy ocorreram em diversas cidades da França. A partir delas, e de acontecimentos similares em outros países da Europa, o historiador Danilo Nakamura vê a retomada da luta de classes e analisa a situação da classe trabalhadora nesta época de crise econômica e dominação do capital financeiro.

A grande crise rastejante

A crise econômica atual, irrompida em 2008, embora tenha produzido no mundo maior destruição de capital e emprego do que a Grande Depressão, já está sendo considerada declinante ou encerrada pela maioria dos economistas. Os porta-vozes de mais de um governo, principalmente na área capitalista periférica, estão anunciando o “fim da crise” e alguns, como o Brasil, já estão falando até em “pós-crise”. Como é isso possível?

Enfrentar a grande crise

Segundo Clément Juglar (1819-905), o teórico dos ciclos econômicos, a riqueza das nações pode ser medida pela violência das crises que atravessam. Sendo assim, pode-se dizer que desde agosto de 2007 os Estados Unidos estão demonstrando que continuam sendo a nação mais rica do mundo. E em setembro do ano seguinte, o mundo percebeu que não será mero espectador dessa demonstração.

Também percebeu que a serenidade de Juglar não é algo comum entre os economistas de hoje, pois o que mais se vê são comentários indignados sobre os riscos assumidos por bancos e grandes empresas do planeta, e sugestões de novas regras de avaliação e controle das atividades financeiras.

Vem aí uma catástrofe biopolítica sem precedentes

“O segundo grande acontecimento econômico, que acelerou a erupção da revolução, foi uma crise geral do comércio e da indústria da Inglaterra; já anunciada no outono de 1845, durante a derrota maciça dos especuladores em ações de caminhos de ferro, estendida durante o ano de 1846 através de uma série de pontos incidentes como a iminente abolição da alfândega de cereais, eclodiu finalmente no outono de 1847 nas bancarrotas de grandes mercadores coloniais londrinos, as quais sucederam sobre os pés a falência de bancos do país e o fechamento das fábricas em distritos industriais ingleses. Ainda não estava esgotada a consequência dessa crise sobre o continente quando a revolução de fevereiro eclodiu.”1MARX, K. Die Klassenkämpfe in Frankreich 1848 bis 1850. In: MARX, K.; ENGELS, F. Ausgewählte Werke. Digitale Bibliothek Band 11. Berlin: Directmedia, 1998. CD-ROM. p. 10.

Começo com esta citação do texto de Marx As lutas de classe na França de 1848 a 1850 não com o objetivo de fazer uma digressão histórica sobre o período de nascimento do movimento dos trabalhadores franceses e europeus, mas apenas com o objetivo de tecer algumas considerações, sem rigor sistemático e apenas com a intenção de contribuir para um debate, sobre a contemporânea “crise do subprime”, que tem seu epicentro no mercado imobiliário norte-americano, mas abarca todo o sistema financeiro mundial.