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O silêncio ensurdecedor da ‘esquerda’ não-petista

Ou se entende o que é o PT ou não se entende nada do que está se passando. A construção de uma organização de massa é algo bem diferente do que seguir uma receita de bolo. Não se trata de colocar uma pitada a mais de leninismo ou tirar algumas gotas de luxemburguismo e ir provando o bolo até que fique bom. Trata-se do processo de luta de classes, e o que a classe operária brasileira, o povo oprimido brasileiro, conseguiu erguer é o PT. E, cá entre nós, não é pouca coisa. É o que as condições objetivas e subjetivas, a maturidade das discussões doutrinárias e programáticas e, principalmente, a realidade da luta de classes permitiram. Deu para fazer isso, não deu para fazer outra coisa.

O pensamento prático da liberdade

Uma amiga e colega do grupo Interludium costuma dizer que somos – refiro-me à “ala jovem” do grupo Interludium – “filhotes do Vito”. Talvez por esse motivo seja para mim tão difícil escrever uma resenha sobre o livro do Vito Letizia:1Primeiro volume de “Diálogos com Vito Letizia”, Contradições que movem a história do Brasil e do continente americano foi lançado em 28 de outubro de 2014. falta-me talvez um distanciamento crítico não apenas em razão dos nove anos de amizade com ele, mas fundamentalmente porque fui educado pelo Vito Letizia a pensar a política. Assim como a educação que recebemos de nossos pais tem o objetivo de que seus filhos possam viver uma vida universal ao prepará-los para a vida em sociedade, foi com o Vito Letizia que recebi a educação para pensar essa vida universal em seu âmbito político. Por isso, resenhar esse livro tem para mim também o difícil significado de distanciamento autocrítico.

É a conjuntura, estúpido

“Seria mais fácil explicar os protestos quando eles ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica elevou a índices assustadores o número de jovens desempregados, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles ocorrem em países com governos populares e democráticos – como no Brasil, que atualmente exibe os menores índices de desemprego de sua história e uma expansão sem paralelo dos direitos econômicos e sociais. Muitos analistas atribuem os recentes protestos à rejeição da política. Creio ser precisamente o contrário: eles refletem o desejo de ampliar o alcance da democracia, de encorajar as pessoas a participarem de uma maneira mais plena.”

O diagnóstico é feito pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em artigo de sua autoria, publicado no jornal estadunidense The New York Times, em 16 de julho. Lula está certo. Os jovens que tomaram as ruas querem mais do que aquilo que já têm.