No dia 5, o prefeito Haddad e o governador Alckmin decretaram mais um aumento das tarifas do transporte público. Na sexta-feira, dia 9, cerca de 30 mil pessoas foram às ruas do centro de São Paulo protestar, no 1º Grande Ato Contra a Tarifa, deixando clara a indignação da população com mais esse aumento. A marcha foi reprimida violentamente pela Polícia Militar, que atacou os manifestantes com tiros, bombas e prisões. Os governos deixam sua resposta à justa reivindicação popular: longe de discutir a revogação dos aumentos que decretaram, Alckmin e Haddad respondem com violência.
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O Movimento Passe Livre de Salvador lançou a campanha “NÃO É ESSA A LICITAÇÃO QUE QUEREMOS!”, contra o processo de licitação para a operação do transporte público da prefeitura. O movimento reivindica o cancelamento da licitação, pois avalia que seu objetivo “não é resolver os problemas do serviço de transporte público da capital, mas perpetuar o péssimo modelo oferecido e aumentar cada vez mais o lucro dos empresários”. Em assembleia extraordinária hoje à tarde, o MPL de Salvador decidiu várias medidas práticas e divulgou nota em que explica sua posição, que publicamos a seguir:
Walter Takemoto*
São, São Salvador, meu amor
São, São Salvador, quanta dor
Não poderia buscar melhor inspiração para escrever este texto do que o genial baiano Tom Zé, para demonstrar a dura realidade da cidade de Salvador, que escolhi para morar e que aprendi a amar com todas as suas contradições.
Existe uma Salvador inventada pelo poder público para os turistas e que teve como garoto propaganda o menino Joel. E tem a Salvador da perversa exclusão da grande maioria da população, em que o braço armado do Estado mata o mesmo menino Joel que usou para fantasiar uma realidade que é brutal e implacável para a juventude negra.
Ou, quando não possuem a força do argumento, eles utilizam o argumento da força
Walter Takemoto
Como muitos devem ter lido ou tomado conhecimento por comentários, um “jornalista” de um blog ligado ao secretário municipal de Educação de Salvador, Bacelar, que não tem nenhum apreço por mim, pois participei da luta dos professores municipais contra a compra por R$ 15 milhões de um pacote educacional sem licitação chamado Alfa e Beto, lançado pelo falecido ACM em 2003 como o programa nacional de alfabetização do PFL (hoje DEM). Por conta desse movimento, o Ministério Público mandou cancelar a compra desse pacote e a devolução dos R$ 15 milhões. O Bacelar deve ter ficado muito chateado com isso!
A direita reacionária utilizar meios sórdidos para atacar e tentar destruir seus opositores é uma prática comum. No passado mandavam prender, torturar e matar. Depois passaram a fabricar dossiê, lançar notas difamatórias, alimentar a imprensa e jornalistas que se vendem para atacar a vida pessoal de quem querem destruir.
Portanto, tudo isso é normal.
O que é surpreendente é quando quem se diz de esquerda passa a utilizar o mesmo método!
José Arbex Jr.
“Seria mais fácil explicar os protestos quando eles ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica elevou a índices assustadores o número de jovens desempregados, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles ocorrem em países com governos populares e democráticos – como no Brasil, que atualmente exibe os menores índices de desemprego de sua história e uma expansão sem paralelo dos direitos econômicos e sociais. Muitos analistas atribuem os recentes protestos à rejeição da política. Creio ser precisamente o contrário: eles refletem o desejo de ampliar o alcance da democracia, de encorajar as pessoas a participarem de uma maneira mais plena.”
O diagnóstico é feito pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em artigo de sua autoria, publicado no jornal estadunidense The New York Times, em 16 de julho. Lula está certo. Os jovens que tomaram as ruas querem mais do que aquilo que já têm.
O movimento Acampa Sampa Ocupa Sampa convidou o filósofo Vladimir Safatle para dar uma aula pública no dia 8 de julho, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo.
Na aula, intitulada “Política e acontecimento: Porque não se deve temer as ruas”, Safatle discutiu a questão da ação política, com foco nas mobilizações das Jornadas de Junho, insistindo em que não estava dando uma aula, pois não tinha nada a ensinar que o público já não soubesse.
As raízes do mal-estar brasileiro reveladas nas “Jornadas de Junho”
Danilo Chaves Nakamura*
“Quero dizer que no caso do metrô e trem, nós vamos revogar o reajuste dado. É um sacrifício grande”, declarou Geraldo Alckmin. “Conforme o governador disse, não há como fazê-lo sem dispensas no investimento”, completou Fernando Haddad. Foram essas as palavras utilizadas pelo governador e pelo prefeito de São Paulo no dia 19 de junho de 2013, data em que eles revogaram os aumentos das tarifas dos transportes públicos. O motivo do recuo dos dirigentes? Os seis grandes atos com milhares de pessoas nas ruas, que colocaram a cidade de “ponta-cabeça”. Embora visivelmente atônitos com a onda de passeatas, bloqueios de avenidas e ações diretas contra propriedades privadas e patrimônios públicos, Alckmin e Haddad recuaram, contudo, sem abandonar os argumentos técnicos para explicar os custos das tarifas e a destinação de recursos para os investimentos públicos.