Pela primeira vez em dez anos, o Instituto Vladimir Herzog teve seu planejamento anual rejeitado pela Secretaria de Cultura do governo federal. A rejeição, que não foi acompanhada de nenhum parecer ou justificativa legal, nega recursos para os vários projetos da entidade, uma das mais importantes na área de preservação da memória histórica e na defesa dos direitos humanos. Cemap-Interludium já assinou o manifesto de defesa do instituto e de cobrança do governo e chama organizações dos movimentos sociais, instituições e coletivos a fazerem o mesmo.
O formulário de adesão ao manifesto em defesa do Instituto Vladimir Herzog diz o seguinte:
“O Instituto Vladimir Herzog, um dos mais importantes do país na promoção cultural dos Direitos Humanos, Democracia e Liberdade de Expressão, teve seu plano anual rejeitado na Lei de Incentivo à Cultura pela primeira vez em dez anos.
A rejeição veio sem nenhuma justificativa. No Instagram, o filho do presidente e deputado Eduardo Bolsonaro deu a entender que a razão seria ideológica, comparando Herzog, torturado, a Ustra, torturador. Comparar o torturado ao torturador é desumano, mesmo para gente como Bolsonaro.
Vladimir Herzog, jornalista judeu, foi preso, torturado e assassinado nos porões da ditadura por lutar por valores que este governo via de regra, empenha-se em enfrentar. Hoje o governo brasileiro posta-se na defesa de torturadores, daqueles que lutam contra Direitos Humanos, dos que não têm apreço pela Democracia.
Este abaixo-assinado tem como objetivo manifestar apoio irrestrito ao Instituto Vladimir Herzog em sua luta incansável e cobrar do governo brasileiro por uma justificativa plausível à reprovação do projeto.”
“Tendo como missão ‘contribuir para o engajamento da sociedade na cultura de Justiça, Liberdade, Democracia e Dignidade Humana’, o Instituto desenvolve sua atuação sobre três pilares: preservar, construir e compartilhar.
Preservar: Preservação da História do Brasil com foco especial a partir do golpe de 1964 e tendo com centro de referência a própria história do jornalista Vladimir Herzog, com a formação de um acervo multimídia.
Construir: Promoção, orientação e premiação de trabalhos de comunicação que abordem temas pertinentes às questões que afetam o direito da sociedade à vida e à justiça. O exemplo mais emblemático é o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
Compartilhar: Desenvolvimento de palestras, debates, cursos e treinamentos nos assuntos das áreas correlatas à comunicação e história. Também integra o escopo do Instituto a produção de publicações, como a recém-lançada edição fac-similar do EX-, jornal expoente da chamada mídia alternativa e o projeto Resistir é Preciso – que traz a história recente do Brasil pelo olhar da imprensa alternativa.”