Em Roma, ato de luto e de luta marca aniversário
Verônica O’Pemba Verdi
Em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados no Rio de Janeiro. Esse ato covarde chocou o Brasil e teve repercussão internacional.
Na Itália, brasileiros residentes e a sociedade italiana em geral compartilham a mesma indignação. Nesta quinta-feira, dia em que se completou um ano desse ato criminoso, o Comitê Italiano Lula Livre e a Frente pela Democracia no Brasil, sediados em Roma, promoveram um ato de luto e luta por Marielle e Anderson.
O evento foi realizado na Casa Internacional da Mulher, com sala lotada. A abertura foi feita por Rosa Mendes, presidente da Casa, seguida das manifestações de Leila Daianis, ativista italiana pelos direitos LGBTIQ; Valéria Ribeiro Corossacz, do movimento Non Uma di Meno, que luta pelos direitos das mulheres e contra o feminicídio; Laura Renzi, da Anistia Internacional; Carla Centoni, responsável pelo Centro Antiviolência Marielle Franco da cidade de Nettuno; e Stella Santos, do Coletivo Marielle Vive.
Também foram apresentados vídeos com depoimentos sobre Marielle e sua luta e sobre o processo de investigação do assassinato, nos quais se manifestaram a mãe e a esposa de Marielle, e o deputado federal Marcelo Freixo.
Num momento de recolhimento espiritual, mensagens de amor e de paz foram proferidas por d. Mussie Zerai Yosief (padre da religião católica), por Mãe Raffaella ty Iemanjá iyalorixá (umbanda), e por Giordana Tappi (budista).
O encerramento do ato contou com uma roda de capoeira, homenageando também Mestre Moa do Katendê, assassinado em outubro do ano passado, durante a campanha eleitoral, por um partidário de Bolsonaro.
Brasileiros e italianos presentes exigem que as autoridades brasileiras levem o processo de investigação até o final, prendendo e punindo todos os envolvidos nos assassinatos.
Carla Centoni, responsável pelo Centro Antiviolência Marielle Franco, que atua em cidades na região metropolitana de Roma, disse em uma entrevista a Rafael Belincanta, correspondente da RFI, que “Marielle Franco não é um feminicídio, Marielle Franco é muito mais, é um ‘cale-se’ às mulheres que defendem os direitos das mulheres, das diversidades, dos mais fracos. Para nós, Marielle Franco é uma ativista que deve permanecer no coração pelo que ela representa”.
“Um ano de dor, de resistência, mas acreditando na justiça do Brasil, acreditando nesse coletivo que se junta a todas nós para somar e cobrar com muito mais força”, declarou Marinete da Silva, mãe de Marielle, em um vídeo exibido durante o evento.
“É fundamental o apoio da comunidade internacional para ajudar a fiscalizar e denunciar qualquer retirada de direitos, crimes contra os direitos humanos, sobretudo a cobrar do Estado uma resposta à pergunta ‘quem mandou matar Marielle?’”, afirmou também em vídeo Fernanda Chavez, assessora de Marielle e única sobrevivente do atentado.
“Marielle vive em todos os homens e em todas as mulheres que têm a semente da justiça e da democracia, porque é isso que nós precisamos neste momento. Esse movimento que cresceu no mundo inteiro hoje leva a palavra de Marielle onde há necessidade de justiça”, declarou Rosa Mendes, presidente da Associação Mulheres Brasileiras na Itália.
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