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Crítica à lei da apropriação capitalista

No campo de análise marxista, uma das tentativas contemporâneas de fornecer um diagnóstico histórico contemporâneo reavalia o papel da “acumulação originária”. A acumulação de capital baseada na violência não seria uma etapa “originária” e nem uma forma exterior ao capitalismo, pois, por meio da violência de Estado, o capital criaria e preservaria as “condições assimétricas” da troca de mercadorias e a “acumulação por despossessão” (D. Harvey). Distintamente, no campo da filosofia política, uma outra tentativa de diagnosticar os problemas sociais contemporâneos baseia-se, principalmente, nos conceitos de W. Benjamin e M. Foucault. Esse ponto de vista procura analisar de maneira abrangente a “estrutura originária da estatalidade” e diagnostica que o Estado de exceção tende a se apresentar como paradigma de governo dominante na política contemporânea (G. Agamben).

A obscuridade da experiência contemporânea

Nos dias de hoje dizer que o intelectual vive numa torre de marfim soa como uma espécie de preconceito ultrapassado. Como bem lembrou Roberto Schwarz nos anos 1990: “Nunca fomos tão engajados.” Tão empenhados na administração pública, num partido, num departamento da universidade, numa firma de pesquisa, num sindicato, numa associação de profissionais liberais, no ensino secundário, numa ONG, num setor de relações públicas, numa redação de jornal, etc.

Também é preciso dizer que hoje a procura tácita dos intelectuais por seus supostos interlocutores está completamente modificada – se tivermos como paradigma os séculos XVIII, XIX e início do XX – com a integração cultural e política daqueles que um dia podiam ser chamados de excluídos.

E assim sendo, como pensar o engajamento intelectual nos dias de hoje em que o modo de vida capitalista se torna cada vez mais insuportável e, ao mesmo tempo, cada vez mais inquestionável (pensar um novo modo de vida hoje soa tão ridículo como os sonhos do personagem dostoiévskiano)? Voltando com a ideia do pensador isolado em sua torre de marfim? Sendo responsável dentro de uma instituição e fazendo realpolitik? Ou então, bancando certo radicalismo sem a contrapartida de uma sociedade em movimento, ou seja, fazendo lobby de si mesmo?

A grande crise rastejante

A crise econômica atual, irrompida em 2008, embora tenha produzido no mundo maior destruição de capital e emprego do que a Grande Depressão, já está sendo considerada declinante ou encerrada pela maioria dos economistas. Os porta-vozes de mais de um governo, principalmente na área capitalista periférica, estão anunciando o “fim da crise” e alguns, como o Brasil, já estão falando até em “pós-crise”. Como é isso possível?

Destruindo para manter a ordem

Para analisarmos a greve de 2009, talvez seja necessário fugirmos das habituais avaliações – vitória ou derrota –, uma vez que não podemos dizer que saímos vencedores já que todos os problemas que nos levaram à greve ainda estão colocados (demissão de funcionário, ensino à distância, criminalização das mobilizações, estrutura de poder antidemocrática). Mas também não podemos dizer que saímos derrotados porque a greve, apesar dos seus limites, levou a público o debate sobre a crise da universidade pública no Brasil. Crise que não vem de hoje e – para ficarmos numa memória mais recente – tem íntima ligação com a greve de 2002 na FFLCH e com a ocupação da reitoria em 2007.

Governança mundial e pobreza

Esta tese procura descrever uma convergência política que teve lugar na década de 1990 entre o Banco Mundial e as Nações Unidas em torno de uma nova estratégia de desenvolvimento. Dois processos em curso nesse momento foram centrais. De um lado, revisões internas críticas às reformas neoliberais repercutiram em modulações na agenda de desenvolvimento do Banco Mundial em direção à nova agenda da boa governança. De outro, no âmbito das Nações Unidas, o desenvolvimento era redefinido como um processo de expansão de oportunidades no lugar do acúmulo de riqueza.

Ambos os processos convergem numa nova estratégia que passava a enfatizar o desenvolvimento das pessoas e não mais das nações, formulada na separação entre a produção da riqueza e a pobreza. A pobreza deve ser reduzida, controlada em níveis aceitáveis e mobilizada para dar sequência às reformas de liberalização econômica. O que está em jogo nessa convergência é a construção de novas referências normativas que apontam para possíveis indiferenciações entre as práticas da esquerda e da direita no espectro político internacional.

Arca Russa: O reino da aparência estética e os impasses histórico-filosóficos

O historiador Danilo Nakamura faz uma análise do filme Arca Russa, de Aleksandr Sokúrov, partindo de uma comparação com o livro Memórias do Subsolo, de Fiodor Dostoiévski. Danilo conclui que o filme é, antes de tudo, um diagnóstico de nosso tempo histórico, que toca nos dilemas da Rússia de ontem e de hoje. Para ele, o tempo histórico apresentado por Sokúrov no filme convida todos nós que reclamamos por outra sociedade a não alimentarmos ilusões acerca de nós mesmos.

Acumulação de capital e desigualdades

Esta tese nos leva a questionar a sustentabilidade da acumulação chinesa e a apontar os elementos que esse país tem em comum com o Brasil. A dinâmica do processo de acumulação na China e no Brasil é considerada a partir do comportamento de empresas nacionais e estrangeiras, bem como da estrutura socioeconômica desses dois países. Primeiramente, apresentamos as características da evolução histórica da China para compreender melhor a situação atual. Destacam-se, assim, as razões pelas quais o desenvolvimento econômico se deu de maneiras distintas na China e no Brasil, bem como sua articulação historicamente diferenciada com o sistema capitalista mundial.