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Unicamp suspende evento depois de ato de protesto

Uma manifestação de várias organizações que apoiam a causa palestina levou a Unicamp a cancelar a “Feira das Universidades Israelenses”, marcada para ontem. Os manifestantes fizeram uma passeata até o local do evento, carregando bandeiras e faixas com mensagens como “Palestina livre” e “Unicamp – território livre de apartheid”. Em seguida se concentraram na frente do prédio da feira e a comissão organizadora decidiu suspender sua realização.

A atividade com as universidades de Israel provocou polêmica desde que foi anunciada, em 17 de março. A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) enviou carta à reitoria da Unicamp em que pedia seu cancelamento e ainda que a universidade se declarasse um “espaço livre de apartheid”. Entidades representativas dos professores, dos servidores e dos estudantes apresentaram moções pela não realização da feira e o Coletivo Anura, de pessoas asiáticas (amarelas e marrons) da Unicamp, criou um abaixo-assinado para reforçar a posição.

Fepal pede cancelamento de Feira das Universidades Israelenses

A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) pediu à Unicamp que cancele a “Feira das Universidades Israelenses”, marcada para dia 3 de abril. Em carta ao reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, a Fepal argumenta que a realização dessa feira no campus associa a universidade à “promoção do regime de apartheid” que Israel impõe ao povo palestino. “A justa reputação da Unicamp não pode ser manchada por associação aos crimes de lesa-humanidade de Israel na Palestina.”

O presidente da Fepal, Ualid Rabah, afirmou que a Unicamp precisa escolher entre apoiar um regime segregacionista, expansionista, violento e avesso aos direitos humanos mais básicos ou respeitar a própria trajetória histórica de defesa dos direitos humanos. “Se a Unicamp mantiver esta feira, estará não apenas legitimando o apartheid israelense sobre o povo palestino, mas admitindo que a humanidade pode tolerar o apartheid e outros crimes de lesa-humanidade, todos presentes na Palestina e praticados por Israel, como aceitáveis em qualquer parte do mundo, talvez até aqui, contra parcelas do povo brasileiro”, advertiu.

Apartheid enterra democracia em Israel

“Será melhor para Israel se livrar dos territórios [ocupados de Cisjordânia e Gaza] e de sua população árabe o mais rápido possível. Caso contrário, Israel se tornará rapidamente um Estado de tipo apartheid.” O autor da frase é um famoso antissemita raivoso, conhecido por ser seu ódio a Israel e aos judeus: Ben Gurion. A declaração foi reproduzida pelo jornalista Hirsh Goodman, ex-vice-presidente da equipe de direção do jornal Jerusalem Post e diretor de redação do Jerusalem Report, que a ouviu em 1967, durante uma entrevista de Gurion a uma emissora de rádio, logo após a Guerra dos Seis Dias. Ele próprio oriundo da África do Sul, escreveu em seu livro de memórias Let Me Create a Paradise, God Said to Himself (Deixe-me criar um Paraíso, Deus disse a si mesmo): “Aquela frase: ‘Israel se tornará um Estado de tipo apartheid’ ficou martelando na minha cabeça.”

Em 2013, Alon Liel, ex-embaixador israelense na África do Sul, declarou: “Na situação que existe hoje, até que um Estado palestino seja criado, somos de fato um único Estado. Este Estado conjunto – na esperança de que seu status quo seja temporário – é um Estado de apartheid.” Em 2010, foi a vez do então ministro da Defesa (2007-2013), o ex-primeiro-ministro Ehud Barak (1999-2001), durante uma palestra pronunciada na Conferência de Herzliya, um centro formulador de estratégia política do Estado judaico: “Enquanto neste território, a oeste do rio Jordão, houver apenas uma entidade política chamada Israel, ela será ou não judaica, ou não democrática. Se o contingente de milhões de palestinos não puder votar, então será um Estado de apartheid.” Em 2007, o então primeiro-ministro Ehud Olmert (2006-2009) afirmou: “Se chegar o dia em que a solução de dois Estados entrar em colapso, e enfrentarmos uma luta ao estilo sul-africano de iguais direitos de voto (também para os palestinos nos territórios), então, assim que isso acontecer, o Estado de Israel terá chegado ao seu fim.”

Declaração dos Comitês da Palestina Democrática

Aproximadamente há um mês, as forças de ocupação sionista prosseguem com a política de repressão e tortura contra nosso povo em todas as cidades e aldeias palestinas, prendendo centenas de pessoas e elevando o número de presos a 6.000 detenções. Os colonos israelenses, sob a proteção do exército, exercem violentos crimes, como sequestros, assassinatos e atropelamentos contra os palestinos. O crime de sequestro do adolescente Mohammed Abu Khudair e sua violenta morte, onde foi queimado vivo, confirma, sem dúvida, a brutalidade do Estado de Israel. A política criminal sionista está atacando Gaza. São ataques bárbaros contra nosso povo bombardeando, ferindo e matando dezenas de palestinos civis.

Os Comitês da Palestina Democrática – Brasil esclarecem para a opinião pública brasileira:

O que está acontecendo nos territórios palestinos é uma continuação da ocupação e colonialismo sionista, baseado na limpeza étnica contra o povo palestino desde 1948, onde se cometeram massacres e a expulsão de mais de 800 mil palestinos, que passaram a viver em campos de refugiados na diáspora. Hoje, são 6 milhões de refugiados vivendo nos países vizinhos e na própria Palestina, negando-lhes o direito de retorno às suas casas e às suas terras milenares.