Ou se entende o que é o PT ou não se entende nada do que está se passando. A construção de uma organização de massa é algo bem diferente do que seguir uma receita de bolo. Não se trata de colocar uma pitada a mais de leninismo ou tirar algumas gotas de luxemburguismo e ir provando o bolo até que fique bom. Trata-se do processo de luta de classes, e o que a classe operária brasileira, o povo oprimido brasileiro, conseguiu erguer é o PT. E, cá entre nós, não é pouca coisa. É o que as condições objetivas e subjetivas, a maturidade das discussões doutrinárias e programáticas e, principalmente, a realidade da luta de classes permitiram. Deu para fazer isso, não deu para fazer outra coisa.
Categoria: política
O debate sobre a maioridade penal marcado para hoje, às 19 horas, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ganha absoluta relevância, pois se inscreve no contexto da chacina ocorrida nesta madrugada na região de Osasco, demonstrando de maneira cabal a polícia/política genocida contra a juventude negra e pobre da periferia dos grandes centros urbanos.
Além da falta de oportunidades e perspectivas, os jovens e suas famílias estão à mercê das armas da polícia e dos grupos de extermínio, duas faces da mesma moeda.
O Estado tem demonstrado fartamente que, quando há interesse político, investigações e provas aparecem. Assistimos a isto todos os dias nos casos das operações contra a corrupção. Pois bem, que se apure e se faça justiça com todos os corruptos e corruptores.
Mas aqui estamos falando de vidas, vidas de jovens precoce e brutalmente arrancados de suas famílias. Não podemos mais permitir que o Estado brasileiro, através de suas instituições militares ou paramilitares, continue patrocinando e executando chacinas com o escárnio com que vem fazendo, a pretexto da violência praticada por jovens, quando a sua função seria a de protegê-los. Esta é a verdadeira causa da violência racista e genocida de nossa sociedade!
Reduzir a profunda desigualdade social no país, garantindo às nossas crianças e adolescentes todos os seus direitos, é a única alternativa capaz de contribuir para uma sociedade mais justa, igualitária e menos violenta para crianças, adolescentes e adultos. Enquanto isso não acontecer, soluções mágicas e tentadoras, da psiquiatria à redução da idade penal ou à ampliação do tempo de encarceramento, surgirão sem qualquer efetividade.
Para fazer esse debate com a profundidade que o tema merece, Cemap-Interludium e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo convidaram importantes estudiosos, pesquisadores e militantes diretamente envolvidos com o tema da violência no Brasil e com as ações para esclarecer o verdadeiro significado da redução da maioridade penal.
Cemap-Interludium vai promover no dia 6 de agosto um debate sobre o projeto de lei 4330, que regulamenta o trabalho terceirizado no Brasil, e suas implicações para os trabalhadores. Para fazer essa discussão, convidamos Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp, e Júlio Turra, dirigente da Executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Um balanço do programa Mais Educação na cidade de São Paulo
Danilo Chaves Nakamura*
Em maio de 2014, publicamos aqui o texto Mais Educação – Quando as grandes expectativas saem de cena, com o intuito de levantarmos questões sobre o programa Mais Educação da prefeitura de São Paulo. Sem nenhuma intenção de idealizar o passado, apontamos como na gestão da prefeita Luiza Erundina, o então secretário de Educação, Paulo Freire, buscou reorganizar a educação do município aproveitando a energia social da sociedade civil recém-saída da ditadura militar. Os documentos da época afirmavam que a educação pública é um direito e a escola um espaço onde a população deve ser chamada para a construção do saber.
Numa tentativa de trazer para o presente esse passado democrático, em meados de 2013, o prefeito Fernando Haddad e o secretário Cesar Callegari lançaram o programa Mais Educação. Eles retomaram a ideia de educação como direito e encenaram uma consulta pública que, além da baixa participação, teve como devolutiva uma “participação social” que apenas reafirmava o que alguns documentos oficiais anunciavam de antemão.
No dia 5, o prefeito Haddad e o governador Alckmin decretaram mais um aumento das tarifas do transporte público. Na sexta-feira, dia 9, cerca de 30 mil pessoas foram às ruas do centro de São Paulo protestar, no 1º Grande Ato Contra a Tarifa, deixando clara a indignação da população com mais esse aumento. A marcha foi reprimida violentamente pela Polícia Militar, que atacou os manifestantes com tiros, bombas e prisões. Os governos deixam sua resposta à justa reivindicação popular: longe de discutir a revogação dos aumentos que decretaram, Alckmin e Haddad respondem com violência.
Rafael Nakamura
Uma disputa para ver quem faz melhor o jogo do agronegócio. Foi o que se viu no “Encontro com os Presidenciáveis”, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no dia 6 na sede do CNA e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Brasília. No encontro foram sabatinados os três melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República: Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e a atual presidente, Dilma Rousseff (PT).
A realização do encontro foi celebrada pelo presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, que considerava o evento como reconhecimento de que a agenda do agronegócio chegou ao topo das questões nacionais. Já na fala de abertura, João Martins deixava claro o que os produtores rurais esperam de quem for eleito para liderar o governo federal. “A agricultura é atividade de homens livres. O Estado não pode vacilar diante das ameaças a este direito, e as invasões de terra, de quaisquer natureza, devem ser combatidas pelos instrumentos da lei. A ordem jurídica não pode acolher exceções”, disse, em nome da CNA.