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Desagravo e solidariedade às vítimas da chacina de Osasco

O debate sobre a maioridade penal marcado para hoje, às 19 horas, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ganha absoluta relevância, pois se inscreve no contexto da chacina ocorrida nesta madrugada na região de Osasco, demonstrando de maneira cabal a polícia/política genocida contra a juventude negra e pobre da periferia dos grandes centros urbanos.

Além da falta de oportunidades e perspectivas, os jovens e suas famílias estão à mercê das armas da polícia e dos grupos de extermínio, duas faces da mesma moeda.

O Estado tem demonstrado fartamente que, quando há interesse político, investigações e provas aparecem. Assistimos a isto todos os dias nos casos das operações contra a corrupção. Pois bem, que se apure e se faça justiça com todos os corruptos e corruptores.

Mas aqui estamos falando de vidas, vidas de jovens precoce e brutalmente arrancados de suas famílias. Não podemos mais permitir que o Estado brasileiro, através de suas instituições militares ou paramilitares, continue patrocinando e executando chacinas com o escárnio com que vem fazendo, a pretexto da violência praticada por jovens, quando a sua função seria a de protegê-los. Esta é a verdadeira causa da violência racista e genocida de nossa sociedade!

Debate sobre a maioridade penal

Reduzir a profunda desigualdade social no país, garantindo às nossas crianças e adolescentes todos os seus direitos, é a única alternativa capaz de contribuir para uma sociedade mais justa, igualitária e menos violenta para crianças, adolescentes e adultos. Enquanto isso não acontecer, soluções mágicas e tentadoras, da psiquiatria à redução da idade penal ou à ampliação do tempo de encarceramento, surgirão sem qualquer efetividade.

Para fazer esse debate com a profundidade que o tema merece, Cemap-Interludium e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo convidaram importantes estudiosos, pesquisadores e militantes diretamente envolvidos com o tema da violência no Brasil e com as ações para esclarecer o verdadeiro significado da redução da maioridade penal.

As implicações da terceirização

Cemap-Interludium vai promover no dia 6 de agosto um debate sobre o projeto de lei 4330, que regulamenta o trabalho terceirizado no Brasil, e suas implicações para os trabalhadores. Para fazer essa discussão, convidamos Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp, e Júlio Turra, dirigente da Executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Os ensinamentos a tirar do que ocorre hoje na Grécia

Nivaldo Bastos

Manifestação pelo "não" em Atenas, 2015

A questão da Grécia que domina as manchetes de todos os jornais importantes do mundo nos últimos 30 dias tem que ser analisada com a razão, como propõem Marx e Vito Letizia, porque carrega com ela o futuro da zona do euro, que é o maior PIB do globo, e as contradições que explodem da política econômica ortodoxa, que está se equilibrando em fios de pesca para satisfazer a sede de dinheiro fácil e especulativo dos bancos, que representam – e isso é importante – um setor da burguesia que não tem nenhum vínculo com a produção e que precisa desse castelo de cartas para sobreviver.

Valores de empresas cotadas em bolsa que sobem e despencam, títulos sem lastro que circulam pelo mundo, fundos de investimento que vão de um país a outro buscando juros sobre as dívidas públicas são as principais atividades econômicas desse setor da burguesia.

E em que se baseia essa brincadeira?

Todo esse poder se baseia em dois pilares muito concretos: na ameaça representada pelo poder militar dos EUA e no castelo de cartas financeiro.

Uma França prostrada

Domingo, 5 de julho de 2015. Os resultados do plebiscito grego acabam de ser divulgados. Em poucos minutos milhares de pessoas responderam à convocação dos líderes de todos os partidos de esquerda (menos, é claro, o Partido Socialista do presidente François Hollande) e agora se manifestam na Place de la République. Os manifestantes comemoram a extraordinária derrota que o povo grego impôs ao imperialismo, a contraposição da Europa democrática à Europa dos bancos. Bandeiras vermelhas tremulam. De punho cerrado, todos entoam a Internacional e mandam “Madame Merkel à la poubelle” (para o lixo).

Será que o jogo começou a virar? A esquerda francesa finalmente vai catalisar o apoio popular, liderando um movimento contra a dominação do capital financeiro sobre a Europa?

Na verdade, nada indica que isso aconteça. A cena descrita acima realmente aconteceu, mas nem de longe reflete a situação na França.

Crise da dívida na Grécia e o referendo

Neste dia 5 de julho os gregos vão às urnas. Interludium se soma a todas as forças políticas e sociais, dentro e fora da Grécia, que identificam no voto de “não” a necessária e contundente defesa da democracia e dos direitos humanos, em oposição aos interesses subalternos do grande capital, do mundo das finanças e de suas marionetes políticas. Não à política de resgates iniciada em 2010 que, como indicado pelo Comitê da Verdade Sobre a Dívida do Parlamento Grego, é apenas a “cobertura” legal para transferir ativos tóxicos para comporem a dívida pública do pais, sem a chegada de dinheiro efetivo, com a degradação das condições de vida da maioria da população, miséria e destruição do patrimônio público. Não ao ataque das hordas capitalistas ao berço da democracia. Contra o barbarismo, a selvageria e os abusos do grande capital todos somos gregos e dizemos não!

A grana que ergue e destrói coisas belas

Imagens de Caetano Veloso e Gilberto Gil

Nas fotos, casais e amigos sorridentes tomam cervejas às mesas instaladas em calçadas diante dos bares. Seriam cenas comuns, exceto pelo fato de que do outro lado da rua funcionava a sede da Gestapo, a polícia política de Adolf Hitler. As fotos registram momentos da vida cotidiana em Munique, berço do nazismo, entre os anos 1930 e 1940, e são mostradas numa exposição organizada pelo Museu do Nazismo, recentemente aberto na cidade. A indagação suscitada pelas fotos é imediata: os sorrisos, os gritos de festa, a comemoração típica de qualquer “cervejada”, quando contrastados com o símbolo da Gestapo tornam-se outra coisa: aquelas pessoas tinham o direito de festejar ali, daquela forma, ignorando solenemente o horror, a brutalidade praticada em câmaras de tortura situadas a menos de 200 metros de suas mesas?

Sim, tinham, de um ponto de vista meramente formal, assegurado pela Constituição de seu país. Mas não tinham esse direito do ponto de vista dos princípios civilizatórios consagrados pela humanidade, ao longo de milênios, durante os quais milhões e milhões de vidas foram ceifadas em guerras e conflitos, princípios sintetizados por Kant na fórmula do “imperativo categórico”. Cada ser humano, diz Kant, deveria agir como se orientado por uma lei universal, válida para ele próprio e para todos os outros; o fim de cada ação deveria ser o de preservação da humanidade, tanto a do próprio sujeito que a pratica quanto a dos outros a quem afeta; finalmente, cada ser deveria ter em mente o bem universal.