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É permitido enganar um povo?

Emmanuel Nakamura

A essa pergunta Hegel tinha uma resposta paradoxal:

“Um povo não se deixa enganar acerca da sua base substancial, da essência e do caráter determinado do seu espírito, mas que ele é enganado por si mesmo acerca do modo como ele sabe desse espírito e como julga as suas ações, os acontecimentos, etc., segundo esse modo.”1HEGEL, G. W. F. Grundlinien der Philosophie des Rechts oder Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse. GW 14,1. Hamburg: Felix Meiner: 2009, § 317 (Tradução de Marcos Lutz Müller). Aceitar essa resposta de Hegel significa ter como ponto de partida indivíduos livres e emancipados que não precisam nem aceitam nenhum tipo de tutela: um povo não se deixa enganar, ele engana a si mesmo. Logo as instituições sociais e políticas são um resultado de suas próprias ações e da maneira como as julga.

Hoje em dia, o cidadão médio brasileiro tem como bandeira libertar o Brasil da corrupção. Ele não tem nenhum interesse concreto, apenas uma ideia puramente abstrata de justiça vingativa que é uma segunda lesão ao direito.

Fim da linha

Danilo Chaves Nakamura

Para entendermos a atual crise em que o Brasil está inserido, precisamos de um esforço intelectual muito mais amplo do que o varejo das análises da política parlamentar ou da conjuntura social e econômica. Sem esse esforço, ficamos apenas no nível de boas opiniões sobre as negociatas parlamentares, que desde o início da democracia brasileira têm o PMDB como o fiel da balança para garantir a chamada governabilidade. Ou então, de análises econômicas que mudam a cada semana de acordo com o sobe e desce das bolsas de valores ou de relatórios das agências de classificação de risco.

Por que os patrões querem o golpe?

O golpe na democracia brasileira viria para quebrar de vez este movimento de crescimento de lutas classistas e de conquistas de direitos

Juarez Guimarães

Como num cassino macabro, os grandes grupos financeiros estão especulando e apostando abertamente no fim da democracia brasileira. Como se noticiou no UOL, no jargão do mercado, a partir das manifestações pró-impeachment do dia 13 de março e da avaliação de um iminente desmoronamento da coalizão governista no Congresso Nacional, o “cenário-base” que prevê a derrubada do governo Dilma estaria na ordem de possibilidade de 65% a 75% entre os analistas de grandes instituições de consultoria financeira. O dólar flutua para baixo e as bolsas para cima, ao sabor das especulações.

Secundaristas vão à CIDH denunciar violência policial

Os estudantes secundaristas estão em campanha para viabilizar a ida de representantes a Washington, para denunciar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a violência policial e a criminalização dos estudantes durante as ocupações das escolas e protestos contra a reorganização escolar em São Paulo. A audiência está marcada para 7 de abril e o objetivo da campanha é financiar a ida de três secundaristas integrantes do Comando das Escolas em Luta e uma advogada. Quem quiser acompanhar a campanha e ajudar, pode fazê-lo pela página Secundas na luta da plataforma de financiamento coletivo Catarse. Cemap-Interludium apoia a campanha e propõe a todos os nossos leitores que colaborem.

O silêncio ensurdecedor da ‘esquerda’ não-petista

Ou se entende o que é o PT ou não se entende nada do que está se passando. A construção de uma organização de massa é algo bem diferente do que seguir uma receita de bolo. Não se trata de colocar uma pitada a mais de leninismo ou tirar algumas gotas de luxemburguismo e ir provando o bolo até que fique bom. Trata-se do processo de luta de classes, e o que a classe operária brasileira, o povo oprimido brasileiro, conseguiu erguer é o PT. E, cá entre nós, não é pouca coisa. É o que as condições objetivas e subjetivas, a maturidade das discussões doutrinárias e programáticas e, principalmente, a realidade da luta de classes permitiram. Deu para fazer isso, não deu para fazer outra coisa.

Diálogos com Vito Letizia 2

‘As Origens das Aspirações Modernas de Liberdade e Igualdade’ chega às livrarias

Cemap-Interludium lançou o segundo livro da série “Diálogos com Vito Letizia”, que reúne as discussões sobre a Revolução Francesa e a social-democracia europeia.

Em As Origens das Aspirações Modernas de Liberdade e Igualdade, Vito aponta que os teóricos marxistas formados no contexto da Revolução Russa negligenciaram a conexão entre a Revolução Francesa e a formação das reivindicações da classe trabalhadora durante o período de surgimento da social-democracia europeia, na segunda metade do século 19, ao ponto de que hoje esses dois momentos parecem estar completamente dissociados.

Revolução Russa – um balanço necessário

Um dos episódios mais marcantes do século 20, a Revolução Russa foi tema de um debate promovido por Cedem e Cemap-Interludium no último dia 29.

Para o economista Vito Letizia “seria um grave erro condenar a Revolução de Outubro juntamente com o sistema que pretendeu representar a sua continuidade. Mais grave ainda, porém, é insistir em apresentar o ‘socialismo real’ como uma alternativa válida para o capitalismo”.

Considerando esse balanço absolutamente necessário para todos que se colocam numa posição anticapitalista, Vito insiste: “Tal orientação carrega consigo a responsabilidade de clarificar o processo que levou ao surgimento desse sistema a partir da Revolução de 1917. Trata-se de uma responsabilidade que os defensores do marxismo não podem evitar.”