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Torturador e dissimulado

Creio que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra perdeu completamente o senso de responsabilidade e de discernimento entre “forças” que se contrapuseram, no período da ditadura à qual ele serviu com tanto denodo. Em sua entrevista para o jornal Zero Hora, o coronel, tergiversa e falseia o tempo inteiro, não respondendo de forma objetiva a nenhuma das perguntas da jornalista que o entrevistou.

Dizer que houve excesso dos dois lados, colocando-os em um mesmo patamar, como se fossem forças equiparáveis, é uma inverdade de uma estupidez nunca antes vista neste país.1Ustra deu entrevista à repórter Cleidi Pereira, publicada em 23 de março de 2014 pelo Zero Hora.

O coronel Ustra contava com o APARELHO DO ESTADO, COM AS FORÇAS ARMADAS (EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA), COM AS FORÇAS POLICIAIS CIVIS , COM UMA PARCELA SIGNIFICATIVA DO EMPRESARIADO QUE FINANCIOU E APOIOU DIRETAMENTE O GOLPE DE 64.

Os grupos de esquerda – ligados ou não às ações armadas – não contavam com ninguém além de suas próprias forças, que eram, em relação ao aparato estatal, quase insignificantes.

Não sei em que circunstâncias os grupos armados tiraram a vida de algumas pessoas (se é que tiraram). Suponho que tenha sido em situações de defesa própria.

Não existe termo de comparação entre as “forças” dos grupos de esquerda e um aparelho de Estado mobilizado contra esses grupos. São forças totalmente desproporcionais.

Agregue-se a isso a ausência de uma posição definida do governo federal e das Comissões da Verdade (oficiais ou não) a respeito da necessidade de julgar os torturadores e assassinos pelos crimes de lesa-humanidade por eles praticados no período da ditadura.

As declarações da presidente Dilma e de seu ministros da Justiça e do Exterior são exemplos cabais dessa ausência de uma posição mais definida, a favor do julgamento dos torturadores e/ou assassinos, que serviram à ditadura civil/militar. Infelizmente as Comissões da Verdade, de uma forma ou de outra, seguem esse mesmo caminho.

De qualquer forma, creio que ainda é tempo de iniciar um “abaixo-assinado” que circule pela internet, arrecadando as assinaturas necessárias para apresentá-las ao STF.


Publicado em:política

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