“A aspiração natural é de sermos nós mesmos nosso próprio mestre”
Entrevista do filósofo Denis Collin a Laurent Etre, do jornal L’Humanité.
Filósofo iconoclasta, Denis Collin identifica as falsas liberdades da sociedade contemporânea. Ao analisar as origens profundas da “obsessão pela segurança”, da manipulação de Sarkozy em torno do “valor do trabalho” ou certos desvios do progresso científico, ele repensa a liberdade como uma não-dominação, em termos de um “comunismo republicano”. Confira sua entrevista a Laurent Etre, publicada pelo jornal L’Humanité em 22 de abril de 2011 e pelo site La Sociale, três dias depois.
Por que repensar o programa ideológico da esquerda a partir da noção de liberdade, como você faz no seu último livro, La Longueur de la chaîne?1La Longueur de la chaîne, Essai sur la liberté au XXIe siècle. Éditions Max Milo, 2011. No atual contexto social, marcado principalmente pelos planos de austeridade na Europa e pelo crescimento contínuo das desigualdades, o que se espera das forças progressistas não é sobretudo sua capacidade de indicar os caminhos para uma verdadeira igualdade?
Denis Collin – Voltemos ao nosso bom e velho Marx… O problema que ele coloca não é o da igualdade. Já nos Manuscritos de 1844 ele denuncia inequivocamente o comunismo vulgar, que não se ocupa mais do que com a grossura da carteira e “nega por todos os lados a personalidade do homem”, impondo um “nivelamento”. As razões da crise atual devem ser buscadas na submissão da grande maioria à própria lógica do capital. Portanto, a questão do momento, do ponto de vista marxista, é a questão da liberdade. Evidentemente eu me refiro a uma liberdade a ser conquistada, não uma liberdade que já existe e nós apenas precisaríamos preservar. Mesmo se, como ressalto em meu livro, o retrocesso das liberdades civis seja hoje particularmente forte. Os próprios liberais aceitam esses revezes, que agora lhes parecem necessários para preservar seus privilégios.
Em seu livro, você explica que há um “bom uso” do liberalismo, que consistiria principalmente na separação dos poderes. Este “bom uso” não é simplesmente o que permite levar as pessoas a aceitarem o liberalismo ruim, que impera na esfera econômica?
Denis Collin – O liberalismo que defende a separação de poderes, a liberdade de consciência, a proteção dos direitos individuais contra eventuais abusos do Estado… Esse liberalismo não está especialmente vinculado a um regime econômico. Ele é o fio condutor de toda a história europeia, desde as comunas livres do século XI. Basicamente, ele corresponde a uma vontade de expandir a esfera de liberdade dos indivíduos e das repúblicas. O próprio movimento operário se forjou na realização desta aspiração. Foi a ponta de lança. Não podemos esquecer, por exemplo, que o movimento operário inglês se formou com o cartismo, em torno da reivindicação do direito ao voto. E a reunião pública que fundou a Primeira Internacional, no St. Martin’s Hall de Londres, tinha como tema a independência da Irlanda e da Polônia. O liberalismo a que me refiro se remete a essa filiação que, para a França, estende-se da Revolução Francesa até a Liberação, passando pela Revolução de 1848 por uma República social, a Comuna em 1871 e a Frente Popular em 1936.
Mas se você liga o movimento operário a uma certa tradição liberal, ainda assim você prefere ser qualificado de “republicanista” em vez de “liberal”… Seria apenas para evitar qualquer mal-entendido sobre a natureza do seu liberalismo?
Denis Colin – A esquerda comete um erro quando afirma ser “antiliberal”. Isso confunde a mensagem, introduz uma ambiguidade sobre sua relação com a emancipação. Mas o liberalismo contemporâneo tem muito pouco a ver com o de Montesquieu ou Tocqueville. E, de qualquer maneira, a separação dos poderes não pertence propriamente ao liberalismo original. Pode ser encontrado já em Maquiavel, ao explicar que na República a liberdade é garantida pela existência de vários poderes que desconfiam um dos outros. É nesta tradição republicana, que se pode remontar até Cícero, que eu me inscrevo. Mas acontece que esta tradição muitas vezes se sobrepõe à tradição liberal. Montesquieu é reivindicado pelas duas correntes. Jaurès também não me parece alheio a esta constelação intelectual. O que ele nos diz, de fato? Ele nos explica que o socialismo é a República levada até as últimas consequências. É a exigência da cidadania e da liberdade republicana que leva ao radicalismo social.
A sua abordagem “republicanista” também dá um lugar de destaque para o conceito de comunidade. Sem abrir mão de nada no plano dos princípios republicanos, você defende uma certa aceitação das comunidades culturais e religiosas que se reivindicam como tais no espaço público. Mas na República não é a comunidade que procura se subtrair à lei comum? Ela não será sempre, pelo menos potencialmente, uma ameaça à liberdade do indivíduo?
Denis Collin – O que é inaceitável é quando um grupo se constitui de maneira regressiva em relação aos direitos e liberdades adquiridos na República. Que os indivíduos, por seu lado, procurem manter laços culturais, religiosos, etc., não é em si um problema. Aristóteles diz que uma cidade é uma “comunidade de comunidades naturais”. Essa é minha opinião. Acredito que devemos ter cuidado com um certo discurso “anticomunitário”, que na verdade é dirigido contra certas comunidades em particular e, dessa forma, tem o efeito de reforçar o comunitarismo que pretende combater.
Você também fala sobre os sindicatos como “comunidades de trabalho”. Isso significa que aconteceria a mesma coisa em um coletivo de trabalhadores e em uma comunidade no sentido religioso ou cultural?
Denis Collin – Não. Mas mesmo assim, existe na comunidade de trabalho a vontade de encontrar um ambiente em que a gente se sinta bem, pessoas com as quais se sinta confortável. Não se deve subestimar essa dimensão puramente humana. Em nossa sociedade atomizada, nosso grande problema é justamente que começamos a nos sentir desamparados. Fecharam a Renault-Billancourt e todas as grandes concentrações de trabalhadores. Destruíram tudo o que dava coesão. O sentimento de pertencer à classe operária sofreu uma erosão, não porque havia menos trabalhadores, mas por causa da fragmentação da classe trabalhadora em seus locais de trabalho. E o sindicalismo, ao mesmo tempo, tornou-se cada vez mais distante de sua base, com todos os mecanismos de integração elaborados pelos patrões.
Ao mesmo tempo, para um dia poder acabar com a exploração, não somos obrigados a começar por negociar o “comprimento da corrente”, mesmo que isso seja frustrante?
Denis Collin – Certamente. No entanto, não se deve esquecer o objetivo, ou seja, uma sociedade onde cada um dá de acordo com sua capacidade e recebe de acordo com suas necessidades, para parafrasear Marx. Eu temo que nós o estejamos esquecendo um pouco demais. Estou claramente convencido da necessidade de defender os direitos conquistados. Mas acho que hoje, para conservá-los temos que ir muito longe no questionamento do capitalismo. Não estamos mais na época do compromisso do pós-guerra (Trente Glorieuses, ou os 30 Anos Gloriosos). Constatamos que, fundamentalmente, não existe um capitalismo com face humana.
Podemos dizer que com a crise surge um capitalismo mais autoritário?
Denis Collin – Sim, essa é uma das perspectiva. Pode ser que vejamos uma “putinisação” dos Estados ocidentais, que buscam uma maneira de garantir a tranquilidade dos investimentos. Ao mesmo tempo, é uma opção cara para a classe capitalista. O capitalismo transnacional, que por definição não se enraíza em nenhum lugar, não tem interesse em manter Estados muito grandes. Afinal, se há demasiadas lutas sociais em um país, muitos protestos, ele sempre pode investir seu capital em outro lugar. Os capitalistas recorrem a formas autoritárias quando não podem agir de outra forma. O fascismo e o nazismo se produziram em países que estavam em plena guerra civil, com partidos comunistas fortes, conselhos operários… Os capitalistas achavam que não tinham outras soluções. Mas agora eles não estão francamente ameaçados. Então, eu acho que eles preferem uma solução mais econômica.
O sarkozyismo, ao qual você se opõe sobretudo pelo seu conteúdo liberticida, está próximo do fim?
Denis Collin. Eu acho que parte da classe capitalista já colocou suas fichas em outros lugares. No diretor do FMI, por exemplo. Os capitalistas sabem que reconverter o Estado francês em um Estado autoritário vai custar dinheiro e problemas. Na minha opinião, eles acreditam que é preferível praticar a alternância entre as duas alas da oligarquia.
Ou seja, o seu interesse pelo conceito de liberdade não vem apenas do contexto político atual…
Denis Collin – Não, o que me guia na minha pesquisa é mais profundo. Isso é algo que eu sinto dentro de mim. Eu acho que é muito difícil suportar um patrão. A aspiração normal, natural do ser humano é de ser seu próprio mestre. O movimento operário parte daí, com o anarquismo, as cooperativas… E isso se une à aspiração de Marx de uma “associação dos produtores”, do diretor da fábrica até o operário da manutenção. Isso foi substituído pelo coletivismo sob a direção de um “Estado iluminado”, como se o ideal fosse uma sociedade do assalariamento generalizado.
Ao mesmo tempo, em seu livro Le Cauchemar de Marx,2Le cauchemar de Marx. Le capitalisme est-il une histoire sans fin? Éditions Max Milo, 2009. Le cauchemar de Marx pode ser traduzido como o pesadelo de Marx. você explica que a abolição do assalariamento está em vias de se tornar realidade, mas em um sentido regressivo, com a quebra do CDI.3Contrat à durée indeterminée, equivalente na França do contrato de trabalho por tempo indeterminado. E você denuncia isso. Será que não deveríamos, para retomar a ambição de uma sociedade de “produtores associados”, assumir um compromisso firme com a defesa e a ampliação do sistema de salários e dos direitos ligados a eles?
Denis Collin – Defender os direitos dos trabalhadores, é obviamente um imperativo. Mas é preciso ir ainda mais longe. Hoje existem muitos lugares onde a questão da retomada das empresas pelos próprios empregados já está colocada. Ela se colocou em especial na Argentina, no início dos anos 2000. Então, por que não aqui? Nos anos 1970 houve experiências de autogestão, entre elas a da relojoaria Lip. Isso levantou uma preocupação essencial, que temos de voltar a discutir. Para proteger a produção do capitalismo, ela deve passar para as mãos de produtores associados. É necessário confiscar os bens dos patrões que decidem ir embora, para entregá-los nas mãos dos trabalhadores.
Outro aspecto importante de sua reflexão sobre a liberdade diz respeito às orientações do progresso científico. Você alerta para o “projeto tecnocientífico”, em particular as pesquisas em biometria. Você explica que por trás delas existe um desejo de tornar o homem totalmente transparente, previsível. E você mostra que esse projeto não é alheio a uma certa aspiração do homem de se aperfeiçoar. Esta aspiração conduz sempre ao totalitarismo? Não há nada que se possa salvar dela?
Denis Collin – Sim, a cultura! Basicamente, estamos diante de uma escolha. Ou acreditamos que o homem é fisicamente imperfeito e deve, portanto, ser transformado, com o mito do “homem novo” como pano de fundo, ou voltamos à velha ideia, que na verdade remonta às origens da filosofia, segundo a qual o homem é um ser educável, cujo aprimoramento é antes de tudo moral, espiritual. É este aperfeiçoamento que é importante para mim.
Mas essas duas opções coexistem em nossa sociedade. E o mesmo indivíduo pode muito bem tentar controlar, manipular, dominar seus semelhantes em certos momentos, e em outros sentir o vazio da competição, a experiência de uma perda de sentido… Além disso, observa-se há vários anos um interesse renovado pela filosofia, que ainda hoje tem as suas revistas especializadas, sem que isso tenha influência sobre o clima de individualismo reinante…
Denis Collin – Há vários aspectos. O declínio do socialismo e do comunismo, como visões de conjunto alternativas leva muitas pessoas hoje a tentarem repensar por si próprias. Isso explica o sucesso em particular das universidades populares, como aquela com a qual contribuo, em Évreux. Mas há também uma tendência de fazer da filosofia uma espécie de bálsamo para curar as feridas da sociedade. É o boom do “desenvolvimento pessoal”, que na verdade não tem nada a ver com a filosofia. O que precisa ser reconstruído hoje é um pensamento sistemático, ordenado, sem que por isso seja rígido.
Não existe um conflito entre essa aspiração e sua defesa da ideia de subjetividade, que você lidera em nome da liberdade?
Denis Collin – Eu entendo a subjetividade não como substância, mas como atividade. O indivíduo é socialmente condicionado. E a compreensão das condições externas é indispensável para agir corretamente. Mas, ao mesmo tempo, se os assalariados podem lutar contra o capitalismo, é sem dúvida porque eles o vivem, sentem-no como sofrimento. O fundamento de todas as revoltas repousa nisso, e não em teorias objetivas.
NOTAS
[1] La Longueur de la chaîne, Essai sur la liberté au XXIe siècle. Éditions Max Milo, 2011. [2] Le cauchemar de Marx. Le capitalisme est-il une histoire sans fin? Éditions Max Milo, 2009. [3] CDI, contrat à durée indeterminée, equivalente francês do contrato de trabalho por tempo indeterminado.Dennis Collin e La longueur de la chaîne
Jorge Nóvoa
Nascido em 1952 na França, oriundo de uma família camponesa, tornou-se doutor e professor agrégé de filosofia. Foi professor associado da Universidade de Rouen e ensina num liceu na pequena cidade de Évreux. É editor da revista eletrônica La Sociale, de “análises e debates para a renovação de um pensamento de emancipação”, e militante de movimentos sociais franceses.
É autor de muitos livros, dentre os quais podemos citar Les puissances de l’imagination, La recherche du bonheur, Revive la République!, La matière et l’esprit: Sciences, philosophie et matérialisme, Morale et justice sociale, L’illusion plurielle: Pourquoi la gauche n’est plus la gauche?, La fin du travail et la mondialisation: Idéologie et réalité sociale, Comprendre Machiavel, La théorie de la connaissance chez Marx, Comprendre Marx (Compreender Marx, Editora Vozes, 2008, o único traduzido em português), Le cauchemar de Marx. Le capitalisme est-il une histoire sans fin? e La longueur de la chaîne. Essai sur la liberté au XXIe siècle.
Também publicou artigos na revista O Olho da História e o artigo Marx, a filosofia e a ética: novas reflexões e propostas de estudo no livro Incontornável Marx (Editora da Unesp, 2007).
No que diz respeito ao argumento central do seu último livro, La longueur de la chaîne, trata-se de um ensaio sobre a liberdade no século XXI. Todos se reivindicam da liberdade, mas nunca ela foi tão esvaziada de sentido e ao mesmo tempo tão necessária e procurada. Collin parte de uma fábula de La Fontaine, O cão e o lobo, na qual o animal moral que transparece é o lobo, que se recusa a uma falsa liberdade junto de seu dono. Hoje em dia tudo se passa como se as pessoas estivessem resignadas a apenas negociar o tamanho de sua escravidão, acreditando ser isso a real liberdade. Não vêm que a tal liberdade é colocada para reproduzir os lucros das oligarquias capitalistas do mundo que vêm se formando num longo processo que data do século XV pelo menos. Tais oligarquias que nos governam em nome de seus próprios interesses são transnacionais e não têm nenhuma responsabilidade – e não as querem ter – com a vida social e econômica das nações e de seus cidadãos.
Segundo Collin, o que se vê na Europa hoje é o prolongamento da escravidão das nações e de seus cidadãos a tais interesses através de diversas formas como, por exemplo, a submissão ao euro e à União Europeia. A Argentina, há alguns anos, rompeu com o FMI, dando um calote e melhorou em relação ao esmagamento que a dívida exercia sobre sua economia, por exemplo.
O argumento principal do livro é que o modo de produção capitalista se tornou “le grand ennemi de la liberté sous toutes ses formes”. Destruição da liberdade política em benefício das oligarquias através da destruição das liberdades individuais, da constituição de uma sociedade Big Brother como se transformou a Inglaterra. A destruição das liberdades dos trabalhadores que se acham mais do que nunca subjugados aos imperativos do capital, tendo suas magras conquistas colocadas em causa e destruídas.
Simultaneamente ocorre uma espécie de colonização das consciências submetidas aos imperativos do mercado e do dinheiro. Collin discute preocupado as questões ligadas à pesquisa e às suas aplicações, por exemplo. Na França e na Europa hoje existe uma espécie de desenvolvimento de uma ideologia justificadora de uma seleção manipulatória de genes “bons” na formação de bons cidadãos. Ele se coloca contra manipulações genéticas que são mais a aplicação dos interesses da indústrias químico-farmacêuticas que usam as biotecnologias não pensando realmente na liberdade e na melhoria das condições de vida da população do planeta, mas em função do aumento das taxas de lucro.
E aí defende a ideia de que a melhor forma de defender a liberdade é através do princípio republicano da não dominação. Pode-se sob este terreno fazer a junção entre as ideias do comunismo marxiano e as demandas reais da população que, quando se coloca em movimento, termina dando um sentido social à palavra liberdade, no sentido em que Marx falava da República Social e da Revolução Social. Na atualidade, as reivindicações democráticas assumem a dianteira, sem que as condições reais capitalistas possam realizá-las. O capital está contra a democracia porque ele quer sobreviver.
Por outro lado, prognostica a necessidade de romper com os esquemas rígidos que buscavam mais enquadrar a história do que compreendê-la. Um exemplo está na ideia de que os países atrasados não poderiam ocupar uma posição dominante e suas burguesias seriam sempre de natureza compradora. Para sermos corretos cientificamente, é preciso considerar que a China, o Brasil e a Índia introduziram uma variante distinta deste esquema.
Collin não se considera um marxista porque ele não adota mais as doutrinas do suposto materialismo histórico e muito menos a de um suposto materialismo dialético. Mas se considera sim dentro da escola de Marx, a partir da necessidade de compreender e explicar o mundo hoje a partir da necessidade de emancipar o mundo ao mesmo tempo do trabalho e do capital. Considera que a palavra trabalho se acha ligada etimologicamente ao significado da escravidão e que é um equívoco absurdo transformar Marx num apóstolo de uma suposta virtude humana ligada ao trabalho. Nem todo trabalho é criativo e emancipador. Sob o jugo do capital é o contrário que é o dominante. O trabalho emancipado deixa de ser explorado, alienado e massificante para ser fonte de prazer e liberdade.
Ele tentou lançar um programa de trabalho que começaria por uma atualização de leitura de Marx que critica o marxismo tradicional, através de um blog que colocava algumas questões importantes para retirar o pensamento de Marx das aberrações das doutrinas e ideologias nas quais ele foi mergulhado, não sem razões históricas e sociais. Para embasar a discussão, Collin publicou o texto Oito teses para abrir o debate no site Repenser Marx, além de postagens constantes no La Sociale e em seus sites pessoais no Viabloga e no Blogspot.
Com relação a:
“Isso é algo que eu sinto dentro de mim. Eu acho que é muito difícil apoiar um chefe. A aspiração normal, natural do ser humanos, é de ser seu próprio mestre. O movimento operário parte daí, com o anarquismo, cooperativas … E isso vai de encontro a aspiração de Marx de uma “associação dos produtores,” do diretor da fábrica até o operário da manutenção. Isto foi substituído pelo coletivismo, sob a direção de um “estado iluminado”, como se o ideal fosse uma sociedade totalmente assalariada.”
esse tema, essa “aspiração natural”, foi também explorado por outro filósofo, contemporâneo à Collin, e também dedicado às lutas por emancipação: Jacques Rancière, em Le mâitre ignorant: Cinq leçons sur l’émancipation intellectuelle. Importa destacar, entretanto, que Rancière não se refere exclusivamente à emancipação intelectual, mas à emancipação com relação à qual aquela não poderia jamais ser dissociada. Aí, provavelmente, um encontro que pode ser proveitoso, de Collin e Rancière.