Documentário dirigido pelo cineasta e jornalista Diógenes Muniz, é selecionado para “É Tudo Verdade 2020”, maior festival de documentários da América Latina. Sua fase presencial fora adiada para o mês de setembro devido à pandemia do Sars-Cov-2.
A Libelu (Liberdade e Luta), foi uma tendência do movimento estudantil que surgiu na segunda metade da década de 70, em plena ditadura ainda. Com forte influência trotskista, foi responsável por tirar das portas de banheiros e levar para as ruas a palavra de ordem “abaixo a ditadura”. Presente principalmente na USP, teve papel importante na reconstrução das entidades estudantis e na organização das grandes passeatas de 1977. Profundamente hostis ao stalinismo do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e de outros grupos então dominantes na esquerda brasileira, seus militantes eram conhecidos por uma estética que os diferenciava: gostavam de rock, promoviam festivais de artes sobre surrealismo nos quais as “estrelas” eram autores como Breton e Soupault e cineastas como Buñuel. Libelu tornou-se um adjetivo. Por um lado significava combatividade e, para seus adversários, inconsequência. De seus quadros saíram vozes de todos espectros políticos, de esquerda e até de direita.
O CEMAP possui no seu acervo uma importante coleção do jornal O Trabalho, muito usado nas atividades políticas da Libelu.
Entre interpretações e visões do diretor acerca de sua obra, Diógenes Muniz enviou ao Cemap-Interludium uma pequena sinopse de sua leitura de Libelu:
“Liberdade e Luta foi uma tendência estudantil surgida na segunda metade dos anos 1970. Impulsionados por uma organização clandestina trotskista, a OSI (Organização Socialista Internacionalista), os integrantes ficaram famosos ao retomarem a palavra de ordem “Abaixo a Ditadura”. Eram contra a luta armada e críticos do Partido Comunista. Em suas festas tocavam rock. No Brasil pré-abertura, ‘libelu’ virou sinônimo de radicalismo e, para os adversários, de inconsequência política. De suas fileiras saíram figuras tão diversas quanto o ex-ministro Antonio Palocci, o cientista político Demétrio Magnoli, o músico e escritor Cadão Volpato, o crítico gastronômico Josimar Melo, o ex-presidente da Radiobrás Eugênio Bucci e a jornalista Laura Capriglione. Reinaldo Azevedo, criador dos termos ‘esquerdopata’ e ‘petralha’, é outro que reivindica ter feito parte do bando. Quatro décadas depois, onde estão e o que pensam os jovens trotskistas que escutavam Rolling Stones, faziam chacota dos colegas stalinistas e tiravam do sério os generais da ditadura?”
Para mais informações acesse o link sobre o filme no site História do Cinema Brasileiro.
(*) As imagens são do acervo pessoal de Ruy Shiozawa.