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Perdemos Vito Letizia

Temos a tristeza de informar que Vito Letizia morreu esta madrugada, em Porto Alegre. Companheiro, militante de toda a vida, professor e mentor, fundador do grupo Interludium, Vito tinha 74 anos e lutava havia mais de dois anos contra um câncer no pâncreas. Não temos palavras para expressar nossa perda.

O exemplo grego – a voracidade do capital ataca os Estados

Não é mistério para ninguém que, embora as empresas reclamem da alta carga tributária, todo e qualquer imposto tem origem no cidadão. Os tributos pagos pelas empresas estão embutidos no preço dos produtos e serviços. só sendo devidos quando efetivado o consumo. Há uma classificação básica que pode dar conta de grande parte dos tributos existentes no Brasil: os gerados pela produção/circulação de produtos, os decorrentes da prestação de serviços, os impostos sobre a renda e as contribuições sociais. Em todos os casos, o imposto pode ser considerado como uma parte da mais-valia que não fica na mão do empresário.

Colocando um pouco de luz à chamada ‘Cracolândia’ e as pessoas que lá ‘(sobre)vivem’

A “Cracolândia” fica na região central da maior e mais importante capital do país. Ali, uma população flutuante de cerca de 2.000 pessoas adota diversas estratégias para manter seu vício (consumo de crack) e as mínimas condições de sobrevivência.1“Cracolândia” é uma palavra que utilizei sempre entre aspas porque se trata de denominação atribuída pelo “Projeto de Revitalização do Centro”, composto de banqueiros, empresários, comerciantes e empreiteiras, com o claro objetivo de valorizar seus imóveis e incrementar seus negócios.

A escolha do local tem várias explicações: 1) naquelas imediações funcionava, dos anos 1960 aos 1980, a antiga rodoviária, onde desembarcavam pessoas vindas de todas as regiões do país; nas proximidades de rodoviárias sempre existe uma oferta maior de drogas; 2) uma grande rede de transporte público liga a área a todas as regiões da cidade; 3) como importante polo econômico/financeiro e comercial, atrai todos os dias uma infinidade de pessoas em vários horários; 4) há uma enorme infraestrutura de serviços na região, que inclui praças, igrejas e templos de várias religiões; postos de saúde, hotéis, albergues e abrigos; hospitais públicos, ONGs, inúmeras instituições e entidades benemerentes (fundamentais para manter vivo um bom número de usuários do crack).

Denis Collin e a questão da liberdade

“A aspiração natural é de sermos nós mesmos nosso próprio mestre”

Filósofo iconoclasta, Denis Collin identifica as falsas liberdades da sociedade contemporânea. Ao analisar as origens profundas da “obsessão pela segurança”, da manipulação de Sarkozy em torno do “valor do trabalho” ou certos desvios do progresso científico, ele repensa a liberdade como uma não-dominação, em termos de um “comunismo republicano”. Confira sua entrevista a Laurent Etre, publicada pelo jornal L’Humanité em 22 de abril de 2011 e pelo site La Sociale, três dias depois.

As dívidas ilegítimas

Na primavera de 2010, os grandes bancos europeus, em primeiro lugar os bancos alemães e franceses, convenceram a União Europeia e o Banco Central Europeu de que o risco de falta de pagamento da dívida pública da Grécia colocava em perigo o seu orçamento global. Eles pediram para serem postos ao abrigo das consequências da gestão das referidas instituições. Os grandes bancos europeus foram fortemente ajudados no outono de 2008, no momento em que a falência do banco Lehman Brothers em Nova York conduziu a crise financeira ao paroxismo. Após o seu salvamento, eles não depuraram todos os ativos tóxicos das suas contas. E continuaram, ainda, a fazer colocações financeiras de alto risco.

Para certos bancos, a mínima falta de pagamento significaria a falência. Em maio de 2010, um plano de salvamento foi montado, com uma vertente financeira e uma vertente de austeridade orçamentária drástica e de privatização acelerada: fortes baixas nas despesas sociais, diminuição dos salários dos funcionários públicos e redução do seu número; novos ataques ao sistema de pensões, sejam elas por repartição ou por capitalização.

‘História do PT’: uma resenha

“Até hoje não existe uma história do PT.” Essa frase aparece na introdução do livro História do PT (1978-2010), do historiador Lincoln Secco. Uma frase que perde o sentido literal no exato momento em que está sendo lida, pois ao lê-la o que o leitor tem em mãos é uma concisa e engenhosa reconstituição da experiência histórica do Partido dos Trabalhadores. Diga-se de passagem, reconstituição que não poderia ter sido feita antes, pois segundo o próprio autor: “O teste do poder é que permite avaliar a história de um partido.”1Eu quis fazer uma história social do PT, a partir das bases. Entrevista de Lincoln Secco ao jornalista Gilberto Maringoni para o site Carta Maior, publicada em 5 de setembro de 2011.

O eclipse da política

Protesto de estudantes na Paulista em 2011

A universidade resistiu ao primeiro autoritarismo, sobreviveu ao segundo; ainda não há sinais de que esteja decididamente enfrentando o terceiro, até pelo contrário, parece ter assumido a modernização tecnocrática como perfil definitivo. (…) Se confirmada, essa “velha senhora” não morrerá com dignidade.
(Franklin Leopoldo e Silva)

“Ninguém está acima da lei”, declarou Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, após o conflito ocorrido entre estudantes e policiais no estacionamento da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo. O conflito começou depois que três estudantes foram detidos portando maconha. “Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia”, protestou Fernando Haddad, ministro da Educação, diante do “autoritarismo dos estudantes” que ocuparam a reitoria, mas também contra os possíveis excessos do uso da força policial paulista para resolver o conflito entre os manifestantes e os gestores da universidade.

O que está em jogo nessas duas boutades do discurso político? Ou melhor, como equacionar as palavras pragmáticas do governador, que afirma uma vigência da lei para todos os indivíduos, com as palavras do ministro, que parece querer distinguir a vigência da lei para os estudantes e para os viciados em crack que perambulam pelo centro de São Paulo?