A passeata dos coletes amarelos em Bordeaux
Nivaldo Bastos
Na França, as manifestações dos coletes amarelos continuaram neste 8 de dezembro. Em Bordeaux, onde foram feitas as fotos que acompanham este artigo, a concentração começou às 13 horas, na Praça da Bolsa, e mesmo antes se percebia o enorme afluxo de gente vinda de todos os cantos da cidade.
Todos vestiam coletes amarelos e cada um trazia sua mensagem escrita nas costas. A palavra de ordem dominante era MACRON, DÉMISSION!, mas como se trata de um movimento de base, organizado por bairros e sem um comando centralizado, as mensagens nos coletes eram as mais variadas, com predominância para aquelas que protestavam contra o alto custo de vida e a parcialidade do governo que beneficia os ricos e piora a vida dos mais pobres.
Foram quase seis quilômetros de passeata pacífica com batucada (sim, e da boa!!), apoio de motociclistas fantasiados de Papai Noel e enorme apoio popular. A manifestação deve ter reunido mais de 50 mil pessoas.
Quando a passeata chegou à prefeitura, as “forças da ordem” começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A partir daí instaurou-se uma certa confusão e muita gente debandou, porque a grande maioria queria apenas manifestar-se, não guerrear. Mesmo assim houve atrito forte entre os cidadãos que se manifestavam e as forças policiais.
Boa matéria! Queria saber do grupo do Vito Letizia: estive na fundação da Fração Bolchevique Trotskysta com ele!
Oi Lourival, bem-vindo! Não sei bem o que vc quer saber, mas, basicamente, no começo dos anos 2010 formamos o grupo Interludium, por sugestão do Vito, que reunia ex-militantes da OSI e alunos e ex-alunos do Vito na PUC. A ideia era discutir e repensar aspectos políticos e teóricos do marxismo, à luz dos acontecimentos no Brasil e no mundo, e o papel de todas as nossas esquerdas. Sem muita pretensão, apesar das palavras grandes aí atrás, e principalmente sem um enquadramento militante que nos forçasse a tomar posições fechadas. A ênfase era concentrar esforços no debate de ideias, mesmo heterodoxas ou incômodas. Se você conheceu o Vito, sabe que ele nunca hesitou em mexer em feridas próprias ou alheias! Bom esse grupo meio que em seguida se viu frente a alguns desafios práticos que absorveram muito do seu tempo. O primeiro deles, muito triste, foi tentar preservar as reflexões do Vito que nunca tinham sido escritas. Isso obrigou Vito e o grupo a organizarem uma logística de entrevistas que pudessem ser feitas levando em conta a saúde cada vez mais precária de Vito. Elas se estenderam até pouco antes de sua morte e têm como resultado os três livros que publicamos como a série Diálogos com Vito Letizia. Outro desafio, a partir de 2013, foi assumir o Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap), que é um dos principais acervos brasileiros sobre o movimento operário. Isso levou o grupo a se formalizar numa oscip, para fazer o convênio com o Cedem da Unesp, poder arrecadar recursos para manter e melhorar o Cemap e incorporar outros fundos e acervos. Nesses anos todos, o grupo aumentou, diminuiu, aumentou de novo, acabou se cristalizando num núcleo que se reúne com mais frequência e tem um pouco mais de tempo livre para levar adiante as nossas tarefas – algo como um “braço executivo” de Cemap-Interludium – e um entorno mais solto, de pessoas que participam quando podem ou querem. Via de regra, nos reunimos a cada 15 dias para fazer discussões e para atualizar as tarefas. Essas reuniões são abertas e, como ainda não temos uma sede fixa, ocorrem em lugares diferentes.
Era isso que você queria saber? abs!