C. Andrés
As recentes decisões tomadas pelo STF e as condições de aprisionamento dos 11 primeiros condenados do “mensalão” repercutem de forma intensa na sociedade e permitem observar com riqueza de detalhes os resultados de um processo que, para além dos aspectos jurídicos e legais envolvidos, revela de forma magistral as tensões, desesperanças e rancores presentes no país nestes 30 anos de “democracia”.
As redes sociais estão entupidas por manifestações de ódio e rancor contra “os mensaleiros”, “os corruptos”, os “petralhas”, ao lado dos inevitáveis “apoios”, “solidariedade” e glorificação da “bravura”, da “independência” e da habilidade de Joaquim Barbosa.
Diante dessa quase unanimidade nacional, resta-nos parabenizar aqueles que a construíram, o PT e seu governo e a grande imprensa conservadora, sempre atuante na defesa dos interesses econômicos hegemônicos no país.
Emblemáticas as palavras da presidente Dilma ao indicar, em 18/11, que o advogado de José Genoíno “foi mole” em não conseguir a prisão domiciliar para seu cliente. Tudo se reduz a um problema atitudinal de um advogado, nenhuma palavra em defesa dos militantes de seu partido presos e submetidos à execração pública, nenhuma ponderação ou consideração sobre os erros e acertos que levaram esses dirigentes políticos à prisão. Coisas de avestruz!
Essas considerações da presidente petista são um desrespeito à opinião pública, um desserviço ao entendimento dos fatos e aos movimentos sociais. Aqui o que importa não é a discussão, o ajuste de contas com os erros e a discussão sincera e leal com a opinião pública e com os militantes do partido, o que interessa é reeleger Dilma, em conformidade com o manual lulista, onde se preservar ocultando cadáveres no armário é a regra. Quanto aos dirigentes presos, azar deles, a vida segue e temos copa do mundo e eleições no próximo ano! Daremos a eles , se for possível, um nome de uma sala no Instituto Lula.
A grande mídia a serviço dos setores conservadores da sociedade trabalhou diuturnamente para convencer e converter junto à opinião pública o processo do “mensalão” em algo exemplar, único, uma virada na habitual complacência nacional para com a “corrupção”.
Contando com a recusa da direção do PT em tratar politicamente o tema , abrindo um debate sincero e transparente sobre suas posições junto à militância e à opinião pública, ficou fácil definir e caracterizar os personagens centrais da trama: de um lado os “maus”, sob a batuta de José Dirceu e de toda a rede político/comercial de arrecadação de fundos partidários, e de outro os “bons”, sob inspiração e liderança de Joaquim Barbosa, um homem simples e que veio de “baixo”. De quebra, com Luís Inácio no papel de Godot.
A indignação popular com os “malfeitos” do Estado, associada à indignação com a deplorável oferta de serviços públicos (presentes nas Jornadas de Junho), foram adequadamente canalizadas contra os “mensaleiros”. Contudo, o sucesso obtido na penalização aos “mensaleiros” não consegue avançar e desmontar a estratégia lulista de reeleição de Dilma. Há algo perturbador aqui, que revela que uma ação clara, honesta e, repetimos, sincera da direção do PT ao longo de todo o processo poderia ter obtido apoios e solidariedade efetiva na sociedade. Pena que esta possibilidade seja tão improvável como a conversão de água em vinho, e o flanco está aberto para os ataques permanentes, para o exercício da baixa política, para a criminalização dos movimentos sociais e para a disseminação do ódio às lutas e reivindicações do povo pobre e ao próprio PT – dadas suas origens e sua trajetória no combate à ditadura e na “redemocratização” do país. Tudo em nome da “democracia”. Coisa de abutres!
Passados quase 30 anos da luta pelas diretas, Fafá de Belém, a “musa” desse movimento, não se conteve e embargada de emoção quebrou o protocolo e num evento de juristas ocorrido em Belém (Pará), em 18/11, parabenizou Joaquim Barbosa pelas prisões.
Se trata de um gesto delicado para com nosso Torquemada.
Falta delicadeza e urbanidade republicana no trato com os prisioneiros do “mensalão”. Ou como entender o clima permanente de vingança em nome da justiça, humilhações midiáticas e a violação de seus direitos civis, incluindo a submissão de José Genoíno ao risco de morte iminente, por falta de condições adequadas de convalescença?
Temos que aprender: a grande imprensa e as redes sociais explicam que os “mensaleiros” estão tendo o mesmo tratamento que os milhares de presos que há no país, com as mesmas garantias e direitos que estes recebem. Afinal, não estiveram sempre ao lado dos pobres? Pois agora que vivam nas prisões e nas condições que estas oferecem aos que as habitam: os pobres que dizem defender.
O temor e ódio visceral ao nosso povo pobre são os fundamentos dessas “reflexões”. São essas as lições de “democracia” que pretendem nos ensinar.
Exigir que que a lei penal se cumpra e que José Genoíno tenha o direito assegurado a prisão domiciliar são uma obrigação de todos os que não se curvam aos poderosos e não se omitem na defesa das liberdades democráticas.
Tivemos em nosso país uma horda de ladrões, que desde a fundação do Brasil, assumiram o poder público objetivando benefício pessoal. Bem, essa falta de caráter, de forma alguma poderia ser catalogada como “menos grave”, uma vez que submeteu nossa população a toda sorte de males, oriunda da associação deste descaso governamental com uma preguiça e um quietismo típicos de nossas raízes culturais.
O Partido dos Trabalhadores, de ideais socialistas, abriu um novo marco na história ao realizar um feito que dia para trás, dia para frente, era obvio de ocorrer: Utilizou-se da ganância e falta de caráter de nossos políticos para benefício do partido.
Pagando importâncias mensais aos corruptos deste país, o PT objetivava certa perpetuação no poder. Ora amigo, a gravíssima ocorrência deste crime seria digna de pena de morte em certos lugares!
O que o PT objetiva é impor sua ideologia gramsciana de transformar o Brasil (e por quê não a América Latina inteira) na repetição histórica trágica da União Soviética!
Não é porque tivemos um golpe melhor elaborado que não foi um golpe meu amigo!
Não há diferença do PT para a ditadura que tanto lutaram, exceto em possuírem interesses distintos.
O que não cabe a população é ficar no fogo cruzado! Necessitamos impor nossa vontade através não apenas do repúdio a essa horda de loucos, como também a seus opositores!
A direita e a esquerda deste país são bandidos! No entanto, não podemos dizer que a população brasileira não seja de fato representada. Este é o Brasil que o Brasil merece:
Golpistas, vagabundos, ordinários, corsários, ladrões e maníacos!
Estes são os autênticos representantes de nosso Brasil, que tanto carece de arroz, feijão e esclarecimento.
Nenhuma distribuição de renda poderá ser efetiva em um país que não produz. E o pior, país que não produz por ser precário em todo tipo de educação. Não digo apenas a educação formal, a matemática, o idioma, a física, química, história, artes, filosofia, etc.
Temos uma precária formação como cidadãos mesmo. Aqueles que nos representam, representam de fato o que somos. Uma nação de trambiqueiros, sem vergonhas e preguiçosos
Quando tivermos um país de caráter, não será necessário a mídia nos dizer quem é “vilão” ou “mocinho”! Estaremos enfim acima dessas visões infantis que temos sobre a política e poderemos conduzir de fato nossas vidas de forma livre e bem-sucedida, podendo dar penas contundentes e justas de acordo com a gravidade de um outro crime!
Enquanto isso teremos o deleite dessa infantilidade política típica, sustentada pela decadência da intelectualidade internacional, que imersa em modelos de realidade abstratos e sem vínculos com a realidade, ruma lentamente ao ridículo ante uma ciência efetivamente capaz de revelar a nossa consciência esclarecimento, lógica e razão de uma forma contundente!
Nesse site não costumamos analisar o país de forma tão taxativa como essa: “O Brasil é o que é desde a sua fundação”. Nesse tipo de argumento não tem história, sociologia, economia… Nada, apenas julgamentos morais.
Também não temos o costume de utilizar xingamentos como argumentos. Os jornais já tem representantes o suficiente para isso: Demétrio(s), Azevedo (s) e outros.