O Centro de Documentação e Memória (Cedem) da Unesp e Cemap-Interludium promoveram no dia 9 o debate “Abertura democrática e a razão neoliberal”, na sede do Cedem. Do ponto de vista econômico, o termo neoliberalismo não apresenta uma relação direta com o liberalismo do passado. Segundo Vito Letizia, por mais que os ideólogos do neoliberalismo falem em “mercado puro”, eles, na verdade, defendem uma simbiose entre o Estado e o mercado, em que o Estado sustenta por meio de dívidas ilegítimas a transferência de dinheiro público para as finanças.
Para estudiosos como Pierre Dardot e Christian Laval, o neoliberalismo é muito mais que um programa de privatização das empresas públicas e de flexibilização dos direitos trabalhistas. Ele é isto, mas é também uma racionalidade política que combina intervenção pública e uma concepção de mercado centrada na concorrência. Isso seria o motor das políticas neoliberais que transformam as instituições públicas e privadas, o papel do Estado e a vida dos indivíduos em “empresas”. Tendo o neoliberalismo como essa a lógica que rege o mundo, como pensar os governos de esquerda e de direita, uma vez que foram eles mesmos que criaram as regras do equilíbrio orçamentário, da estabilidade monetária, da política anti-inflacionária e os programas de equilíbrio das relações sociais?
Compuseram a mesa Tatiana Maranhão, doutora em sociologia pela USP e professora do curso de Relações Internacionais das Faculdades de Campinas; Nilton Ota, doutor em sociologia pela USP que atualmente desenvolve pesquisa de pós-doutorado na USP e na Université Paris Ouest Nanterre La Défense (Paris 10); e Paulo Arantes, professor aposentado sênior do Departamento de Filosofia da FFLCH da USP. A mediação foi de Oscar D’Ambrósio, doutor em Educação, Artes e História da Cultura e a chefe da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Reitoria da Unesp.
Acompanhe os vídeos do debate, filmado por Danilo Nakamura:
Tatiana Maranhão
Nilton Ota
Paulo Arantes
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